Toada de negros em Cuba
Irei a Santiago.
Num carro de água negra
Irei a Santiago.
Cantarão os tetos de
palmeira.
Irei a Santiago.
Quando a palma quer ser
cegonha,
Irei a Santiago.
Quando quer ser medusa a
bananeira,
Irei a Santiago,
Irei a Santiago.
Com a ruiva cabeça do
Fonseca,
Irei a Santiago.
E com a rosa de Romeu e
Julieta,
Irei a Santiago.
Oh Cuba! Oh ritmo de
sementes secas!
Irei a Santiago.
Oh cintura quente e gota
de madeira!
Irei a Santiago.
Harpa de troncos vivos.
Caimão. Flor de tabaco.
Irei a Santiago.
Sempre tenho dito que
irei a Santiago
Num carro de água negra.
Irei a Santiago.
Meu coral na treva,
Irei a Santiago.
O mar afogado na areia,
Irei a Santiago.
Calor branco, fruta
morta,
Irei a Santiago.
Oh bovino odor de
canavieiras!
Oh Cuba! Oh curva de
suspiro e barro!
Irei a Santiago.
Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira. Poema – com a dedicatória ‘A don Fernando Ortiz’ – publicado em 1930 (em livro, em 1955).
Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira. Poema – com a dedicatória ‘A don Fernando Ortiz’ – publicado em 1930 (em livro, em 1955).
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