A um Passarinho cantando
Gregório de Matos
Contente, alegre, ufano
Passarinho
Que enchendo o bosque
todo de harmonia,
Me está dizendo a tua
melodia,
Que é maior tua voz, que
o teu biquinho:
Como da pequenez desse corpinho
Sai tão grande tropel de
vozeria?
Como cantas, se és flor
de Alexandria?
Como cheiras, se és
pássaro de arminho?
Simples cantas, incauto
garganteias,
Sem ver que estás
chamando ao homicida,
Que te segue por passos
de garganta.
Não cantes mais, que a
morte lisonjeias,
Esconde a voz, esconderás
a vida,
Que em ti não se vê mais
que a voz que canta.
Fonte: Spina, S. 1995. A poesia de Gregório de Matos. SP,
Edusp.
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