A infecção fatal do cérebro
Bernard Dixon
Certa vez, um grupo de
neurologistas especulou que o crescimento do Partido Nazista foi em parte
devido a uma infecção do cérebro que causava extremas perturbações
psiquiátricas, inclusive violência patológica. A doença citada era encefalite
letárgica e, afora qualquer papel que possa ter tido no caso de Hitler,
permanece até hoje como uma das doenças mais bizarras já conhecidas.
Embora seja possível que
a encefalite letárgica tenha surgido também na China, ela foi relatada pela
primeira vez em Viena, durante o inverno de 1916-17, tornando-se logo uma
epidemia mundial. Espalhando-se pela Europa e América, a doença imperou durante
dez anos, atingindo cinco milhões de pessoas e matando meio milhão antes de
desaparecer, em 1927, tão súbita e misteriosamente quanto chegara.
Até mesmo os primeiros
sintomas da doença eram muito mais variáveis que a sonolência e estupor que lhe
deram seu nome mais conhecido, a doença do sono. (A doença do sono africana,
tripanossomíase, não tem relação alguma com a doença encefalítica.) Além de dor
de cabeça e febre, as vítimas da encefalite letárgica sofriam de espasmos
musculares, ataques, dificuldade na deglutição e movimentos incontroláveis dos
olhos. Adolescentes e crianças eram os mais visados: alguns se tornavam
psicóticos, comportando-se com uma destrutividade maníaca que, em poucos casos,
redundava em assassinato. Mesmo depois de aparentemente recuperadas, muitas
pessoas continuavam sendo afligidas por movimentos involuntários e
comportamentos compulsivos – traços da Síndrome de Parkinson, só que muito mais
extremados do que os tipicamente percebidos.
[...]
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