16 março 2016

A pulga e a tartaruga

Stoyan Mihaylovski

Um dia a velha pulga, gorducha,
a tartaruga vê
e por troça lhe pergunta:

“Dessa concha de osso.
quando te libertarás?
Pensas não sair jamais
dessa toca negra
onde estás prisioneira?

Por que suportas ainda,
tão longa escravidão, semelhante desonra?
Olha a minha moradia
naquele belo palácio
de fúlgido esplendor...
Nós lá vivemos, naquele...
Isto é, eu vivo nele,
e o patrão é
um magnata estatal...”.

Responde o animal:
“Do meu destino não lamento.
Vivo numa pobre casa, é verdade,
mas livre e contente,
e nela sou patrão!”.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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