À janela
José Blanc de Portugal
Eles estão fazendo alguma coisa ainda
que sem, a meu ver,
sentido algum...
Eu vou deixando riscos no
papel para entreter
a mão que busca o traço
perdido.
Esse era o fito que eu
inventara agora
mesmo em que isto vou
escrevendo.
Mas que verdade isso
representa neste
novo instante em que o
que escrevi vou lendo?
Que busca a mão?
Formas de letras ligadas
em palavras,
ou um volume vivo e
morno, humanizado,
que um dia sentiu?
As palavras são-me um enigma
tão insolucionado como a
razão da beleza
do contorno das serras
que me ligam a
água e o céu que avisto
desta margem
da baía em que o contemplo.
Fonte: Silva, A. C. &
Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em
livro em 1986.
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