03 maio 2021

Recorde

Gil de Carvalho

À mesa dos cafés, a carne.
Quase nua, palpita dentro
De pequenos cronómetros.
Recorda, dia a noite, que
Afinal os obstáculos perduram
Sempre no interior da chama.
Que o Eterno vacila sobre a cama
Destes animais litúrgicos, votados
Que somos – ao amor, à morte, ao abandono.

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1998.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker