O ofício
Casimiro de Brito
Escrevo para sentir nas veias
o voo da pedra.
Antecipação da paz
neste país de granadas
moldadas
no silêncio dos frutos.
Escrevo como quem escava
no bojo da sombra
um mar de claridade.
Pedras vivas de possibilidade,
as palavras levantam
o crime, os pássaros do pântano.
Escrevo
no grande espaço obscuro
que somos e nos inunda.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1966.
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