19 outubro 2012

Quando o mar se levanta

Tom Garrison

Na manhã de 26 de dezembro de 2004, um terremoto atingiu o leito do mar na margem leste do Oceano Índico, ao largo da costa de Sumatra. Ocorrendo a uma profundidade de 18 quilômetros, a ruptura entre duas placas tectônicas rapidamente atingiu a superfície, viajando para noroeste a velocidades supersônicas por mais de três minutos. Em alguns lugares ao longo da junção, a Placa Indo-Australiana pode ter se movido horizontalmente perto de 20 metros sobre a Placa Euro-Asiática [...]. Com uma magnitude de 9,3, esse foi um dos maiores terremotos já registrados.

O movimento das placas, no entanto, acontece também na vertical. A Placa Euro-Asiática foi erguida cerca de 5 metros. A água sobre a placa também foi elevada na mesma altura. Próximo ao epicentro do terremoto, o oceano tem aproximadamente 4.000 metros de profundidade, e essa coluna de água com o tamanho da Grande São Paulo foi forçada para cima por uma energia equivalente a 32.000 bombas de Hiroshima. Esse enorme volume de água começou então a cair, nascendo, assim, o maior tsunami da história moderna.

As ondas propagaram-se para longe do epicentro a uma velocidade de mais de 755 quilômetros por hora. A costa oeste da província de Aceh, na Indonésia, e sua capital, Banda Aceh, foram inundadas em menos de meia hora após o terremoto. Ondas de 35 metros de altura atingiram a costa sudoeste, e a área mais densamente habitada no nordeste foi assolada por três ondas de 12 metros. Mais de 35.000 pessoas morreram em minutos.

As ondas seguiram adiante. Para leste, estão a costa da Tailândia e as famosas praias com hotéis de Phuket. Menos de duas horas após o terremoto, ondas de 5 metros começaram a castigar a costa. Como não houve aviso, aproximadamente 14.000 pessoas morreram, incluindo cerca de 2.400 turistas, a maioria europeus. Três horas após ter sido formado, o tsunami deslocou-se ao largo para o oeste, no Sri Lanka e na Índia, pela expansão do Oceano Índico. Embora as ondas estivessem menores agora por causa da dispersão e da interferência com o leito do mar, outros 30.000 morreram.

O evento de 26 de dezembro foi o terremoto mais letal em cinco séculos. O número de mortos e desaparecidos ainda estava sendo calculado em 2005 quando este livro foi escrito. O triste total pode passar de 200.000 – um testemunho silencioso do aviso dado pelo historiador Will Durant: “A civilização existe apenas pelo consentimento geológico, sujeito a mudança sem aviso”.

Fonte: Garrison, T. 2010 [2006]. Fundamentos de oceanografia, 4ª edição. SP, Cengage.

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