A produção dos fatos científicos
Bruno Latour & Steve Woolgar
Quando examinamos a
construção dos fatos em um laboratório, apresentamos a organização geral da
instalação vista por um profano em ciência (capítulo 2). Mostramos como a
história de alguns sucessos do laboratório podia ser utilizada para explicar a
estabilização de um fato ‘duro’ (capítulo 3). Em seguida, analisamos alguns
microprocessos que intervêm na construção dos fatos, insistindo no paradoxo
contido na noção de fato (capítulo 4). Interessamo-nos, em seguida, pelos
indivíduos que trabalham no laboratório, tentando encontrar um sentido para
suas carreiras e buscando avaliar a solidez de suas produções (capítulo 5). Em
cada um desses capítulos definimos termos que se distinguem daqueles que os
cientistas, os historiadores, os epistemólogos e os sociólogos das ciências
empregam. Agora estamos prontos para resumir o que já tematizamos nos capítulos
anteriores, tentando relacionar de maneira mais sistemática os diferentes
conceitos utilizados. Vamos aproveitar para passar em revista alguns problemas
metodológicos abordados até agora. O leitor deve ter constatado, por exemplo,
que um problema maior surge de nossa afirmação de que a atividade científica é
feita da construção e da defesa de pontos de vista ficcionais, que, por vezes,
são transformados em objetos estabilizados. Se é assim, qual será o estatuto da
nossa própria construção da atividade científica?
[...]
Fonte: Latour, B. &
Woolgar, S. 1997 [1979]. A vida de
laboratório. RJ, Relume Dumará.
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