30 maio 2016

A produção dos fatos científicos

Bruno Latour & Steve Woolgar

Quando examinamos a construção dos fatos em um laboratório, apresentamos a organização geral da instalação vista por um profano em ciência (capítulo 2). Mostramos como a história de alguns sucessos do laboratório podia ser utilizada para explicar a estabilização de um fato ‘duro’ (capítulo 3). Em seguida, analisamos alguns microprocessos que intervêm na construção dos fatos, insistindo no paradoxo contido na noção de fato (capítulo 4). Interessamo-nos, em seguida, pelos indivíduos que trabalham no laboratório, tentando encontrar um sentido para suas carreiras e buscando avaliar a solidez de suas produções (capítulo 5). Em cada um desses capítulos definimos termos que se distinguem daqueles que os cientistas, os historiadores, os epistemólogos e os sociólogos das ciências empregam. Agora estamos prontos para resumir o que já tematizamos nos capítulos anteriores, tentando relacionar de maneira mais sistemática os diferentes conceitos utilizados. Vamos aproveitar para passar em revista alguns problemas metodológicos abordados até agora. O leitor deve ter constatado, por exemplo, que um problema maior surge de nossa afirmação de que a atividade científica é feita da construção e da defesa de pontos de vista ficcionais, que, por vezes, são transformados em objetos estabilizados. Se é assim, qual será o estatuto da nossa própria construção da atividade científica?
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Fonte: Latour, B. & Woolgar, S. 1997 [1979]. A vida de laboratório. RJ, Relume Dumará.

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