Exaltação febril e fascínio
Eric Blom
Certo dia, um desconhecido
emaciado, todo de cinza, apresentou-se na residência de Mozart para encomendar
a composição de um réquiem. Este seria buscado em data combinada e pago a preço
generoso, sob a condição de o compositor não falar com ninguém a respeito da
encomenda nem das condições que lhe haviam sido impostas. A transação, na
realidade, foi muito simples. O visitante era administrador de certo nobre, o conde
Franz von Walsegg, um diletante em música, que gostaria de legar ao mundo uma
grande obra como se fosse sua; mas, privado da invenção e da habilidade
necessárias, teve a ideia de comprá-la já pronta de um mestre consagrado... Mas
para Mozart, que provavelmente nem de longe estava bem naquele momento, e pode ter
se encontrado em estado febril quando o estranho apareceu, o incidente pareceu
carregado das mais sinistras implicações. Ele o deixou em estado de depressão
aguda, assim como com a sensação de mau agouro. Mozart pôs-se a trabalhar no réquiem
com uma atitude mental na qual, a julgar pela música, uma espécie de exaltação
febril e fascínio ficavam em primeiro plano.
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