Retrato talvez saudoso da menina insular
Natália Correia
Tinha o tamanho da praia
o corpo era de areia.
E ele próprio era o
início
do mar que o continuava.
Destino de água salgada
principiado na veia.
E quando as mãos se
estenderam
a todo o seu comprimento
e quando os olhos
desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.
Largou o sonho nos barcos
que dos seus dedos
partiam
que dos seus dedos
paisagens
países antecediam.
E quando o seu corpo se
ergueu
voltado para o desengano
só ficou tranquilidade
na linha daquele além.
Guardada na claridade
do olhar que a retém.
Fonte: Silva, A. C. &
Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em
livro em 1955.
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