10 setembro 2022

De amor e vinho

José Eduardo Degrazia

Sinto o frutado do jardim mais próximo,
lembrando vinhos frágeis, e bebidos
ao pé da serra, prova, linhos, ninhos,
asa de pássaro fulgente, cimo.

O vento mais quente de avaras chuvas
desenha nas parreiras móveis sonhos,
minha amada bela, vária, nua,
vai beber do cálice o vinho puro.

A tarde desce lenta, luz de estrela
nova a pascer entre as ovelhas, sono,
pintura suave, tinta sobre tela.

À sombra do parreiral eu colho ervas,
que deposito amante nos teus seios,
para ir ao fim sabendo usar os meios.

Fonte: Horta, A. B. 2016. Do que é feito o poeta. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 2011.

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