A história da humanidade se confunde com a história das guerras. Deveríamos lutar para que se confundisse apenas com a história da literatura.
20 dezembro 2024
Etnologia
Egon Schaden
No Brasil, como em outros países, muitos autores designam com o termo Etnologia a ciência que tem por objeto a investigação das culturas nativas de tipo tribal. É com este sentido que será aqui empregado. [...]
Para uma síntese histórica dos conhecimentos e das pesquisas sobre o índio brasileiro basta uma divisão sumária em três períodos. [...]
No primeiro período, que abrange mais ou menos a época do domínio português, se registraram muitos informes sobre grupos índios, mormente os da costa, com raras tentativas de ordenar o material. Foi um período pré-científico, marcado, portanto, pelo conhecimento empírico.
No segundo, o dos ‘naturalistas viajantes’, que se inicia no tempo de D. João VI e se prolonga pelo século XX adentro, a busca de conhecimentos relativos ao índio adquire foros de ciência. Numa primeira fase, que vai até a penúltima década do século passado, os estudiosos eram de fato quase todos naturalistas. A seguir, porém, se organizam numerosas expedições com o fim primordial ou exclusivo de fazer pesquisas etnológicas e reunir coleções de artefatos para os museus.
O terceiro período, por fim, se abre após o término da Primeira Guerra Mundial ou, mais exatamente, na década dos trinta. Ao contrário do que se dera no anterior, os estudos são feitos, cada vez mais, por etnólogos brasileiros de boa formaçãoe, quanto aos estrangeiros, a maioria já não se constitui de europeus, como dantes, mas de norte-americanos familizarizados com modernas teorias. Diversificaram-se também, no meio século desde então decorrido, os centros de interesse e os métodos de investigação. Schaden, E. 1978. A Etnologia no Brasil. In: Ferri, MG & Motoyama, S. História das ciências no Brasil, vol. 2. SP, Edusp, EPU & CNPq.
Podemos distinguir nos animais diversas formas de agressividade. Cada uma delas está classificada com base na situação de estímulo que a provoca.
1. Agressividade predatória: provocada pela presença de uma presa natural.
2. Agressividade antipredatória: provocada pela presença de um predador.
3. Agressividade territorial: defesa de uma região contra um intruso.
4. Agressividade de domínio: provocada pelo desafio à posição de um animal no grupo ou a seu desejo de possuir um objeto.
5. Agressividade maternal: provocada pela proximidade de algum agente ameaçador à prole de determinada fêmea.
6. Agressividade de desmame: provocada pela crescente independência dos jovens, caso em que os pais ameaçam ou mesmo atacam suavemente sua prole.
7. Agressividade disciplinar dos pais: provocada por uma variedade de estímulos como mamar fora de hora, brincadeiras rudes ou demasiado longas, vagabundagem etc.
8. Agressividade sexual: provocada pelas fêmeas com o objetivo de acasalar-se ou estabelecer uma união prolongada.
9. Agressividade ligada ao sexo: provocada pelos mesmos estímulos que geram o comportamento sexual.
10. Agressividade entre machos: provocada pela presença de um competidor macho da mesma espécie.
11. Agressividade produzida pelo medo: provocada pelo confinamento, acuamento e impossibilidade de escapar, ou pela presença de um agente ameaçador.
12. Agressividade irritável: provocada pela presença de qualquer organismo ou objeto atacável.
13. Agressividade instrumental: qualquer mudança no meio ambiente como consequência dos tipos de agressividade acima descritos que aumente a probabilidade de que o comportamento agressivo torne a ocorrer em situações similares. Fonte: Montagu, A. 1978. A natureza da agressividade humana. RJ, Zahar.
Não faz mal que amanheça devagar, as flores não têm pressa nem os frutos: sabem que a vagareza dos minutos adoça mais o outono por chegar. Portanto não faz mal que devagar o dia vença a noite em seus redutos de leste – o que nos cabe é ter enxutos os olhos e a intenção de madrugar. Fonte: Pinto, J. N. 2004. Os cem melhores poetas brasileiros do século, 2ª ed. SP, Geração Editorial. Poema publicado em livro em 1957.
No século XVIII e desde então, passou-se a considerar Newton como o primeiro e maior dos cientistas da era moderna, um racionalista, alguém que nos ensinou a pensar seguindo as linhas do raciocínio frio e imaculado.
Eu não o vejo sob este prisma. Não creio que qualquer um que tenha se debruçado sobre o conteúdo da caixa que ele deixou quando finalmente partiu de Cambridge em 1696 – o qual, embora parcialmente disperso, chegou até nós – possa vê-lo dessa maneira. Newton não foi o primeiro da Idade da Razão. Foi o último dos feiticeiros, o último dos babilônios e sumérios, a última das grandes mentes que viram os mundos intelectual e visível com os mesmos olhos daqueles que começaram a construir o nosso legado intelectual há menos de 10 mil anos. Isaac Newton, uma criança que já nasceu órfã de pai, no dia do Natal em 1642, foi a última criança-prodígio a quem os Magos poderiam prestar homenagem sincera e apropriada. Fonte: Stewart, I. 1996. Os números da natureza. RJ, Rocco. Excerto de artigo divulgado em 1946.
Nesta quinta-feira, 12/12, o Poesia Contra a Guerra está a completar 18 anos e dois meses no ar.
Desde o balanço anterior – ‘18 anos e um mês no ar’ – foram publicados aqui pela primeira vez textos dos seguintes autores: Alexandre Raposo, Ann Druyan, Constant Collin Delwiche, Diane Ackerman, F. Richard Cowell, Henry Vaughan, John Dennis Carthy, Robert H. MacArthur e [Rei] Salomão. Além de material de autores que já haviam sido publicados antes.
Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes artistas: Charles Sellier, Joseph Nicolas Robert Fleury e Kitty Kielland.
Naquilo a que chamamos eu há sempre um espaço inocupado, onde parece alimentar-se um mecanismo que de dentro de nós próprios se apostasse em escorraçar-nos, repelir-nos, algo cuja natureza nos é estranha e que não raro ocupa toda a nossa identidade. Vamos assim sendo confinados a um domínio que se exaure, a um território em progressiva retracção, que em breve se limita às mãos, aos lábios, ao rebordo de uma ferida, sendo na pele que inevitavelmente concentramos então tudo o que nos resta. Na pele é um modo de dizer: na roupa, nos adornos. São os brincos, as pulseiras e os anéis o que por vezes nos sustém, o que garante a nossa integridade, o último reduto contra esse mecanismo que de dentro de nós próprios nos rechaça e de que a pele, a plataforma a que, alarmados, então nos agarramos, é igualmente o carburante, numa duplicidade idêntica à de um livro cujas páginas entrassem e saíssem do espírito de quem o escrevesse. Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1989.
[C]onstata-se por todo o lado que as pessoas parecem ser extremamente propensas a aceitar a existência de fenômenos sobrenaturais ou paranormais que aparentemente desafiam a explicação racional. Num dos capítulos anteriores já mencionamos os exemplos da habilidade em entortar colheres e da capacidade que teriam as plantas de responder aos estímulos externos. A esses casos poder-se-ia acrescentar uma enorme lista de crenças e superstições populares, das quais selecionamos umas poucas: astrologia e horóscopos; diversas formas de percepção extrassensorial; reencarnação e comunicação com os mortos; discos voadores ou outras manifestações de vida extraterrestre; almas penadas, espíritos e fantasmas; exorcismo; as inúmeras curas não médicas ou miraculosas; quiromancia; cientologia etc.
A principal contribuição de [Pitirim] Sorokin para a Sociologia foi a sua teoria da realidade social e cultural e a maneira por que se transforma com o decorrer do tempo. Trabalhou nisso, incessamente, durante uns dez anos entre as duas guerras, com uma equipe de auxiliares. O resultado foi um estudo em três volumes, Social and Cultural Dynamics (1937-1940). Era uma investigação enciclopédica classificada debaixo de flutuações da forma de arte, de sistemas de verdade, de ética, de direito, de relações sociais, de guerra e revolução, e se relacionava com tudo que se conhece da história, desde o Egito antigo até os dias de então. Em 1941 surgiu o quarto volume, onde, debaixo de muitos comentários e críticas, ele proporcionava uma demonstração mais completa de seus princípios e métodos e tornava a examinar os problemas já antes discutidos. O furor que isso despertou ainda não se acalmou de todo. Fonte: Cowell, F. R. 1971 [1969]. Pitirim Sorokin. In: Raison, T., org. Os precursores das ciências sociais. RJ, Zahar.
Nós ficaremos, como os menestréis da rua, Uns infames reais, mendigos por incúria, Agoureiros da Treva, adivinhos da Lua, Desferindo ao luar cantigas de penúria?
Nossa cantiga irá conduzir-nos à tua Maldição, ó Roland?... E, mortos pela injúria, Mortos, bem mortos, e, mudos, a fronte nua, Dormiremos ouvindo uma estranha lamúria?
Seja. Os grandes um dia hão de cair de bruço... Hão de os grandes rolar dos palácios infetos! E glória à fome dos vermes concupiscentes!
Embora, nós também, nós, num rouco soluço, Corda a corda, o violão dos nervos inquietos Partamos! inquietando as estrelas dormentes! Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1899.