30 novembro 2019

Imposibilidad

Eduardo Langagne

Y mientras en la plaza va mi hijo
persiguiendo palomas
yo persigo palavras que vuelan si me acerco

Fonte: Horta, A. B. 2003. Sob o signo da poesia. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1991.

28 novembro 2019

Assassínio de inocentes


Carlo Arienti (1801-1873). Assassinio degli innocenti. 1845.

Fonte da foto: Wikipedia.

27 novembro 2019

Uma vida sórdida, embrutecida e curta

Richard C. Francis

O filósofo inglês Thomas Hobbes provavelmente é mais conhecido por sua visão pessimista da existência humana, que seria “sórdida, embrutecida e curta”. Posso imaginar o que ele teria dito sobre a vida dos diabos-da-tasmânia, em comparação com a qual a condição humana é idílica. Para essas criaturas mal-humoradas de uma ilha no sul da Austrália, a vida sem dúvida é mais sórdida, mais embrutecida e curta que a nossa. Sendo que nos últimos tempos tornou-se ainda mais breve.

Fonte: Francis, R. C. 2015 [2011]. Epigenética. RJ, Zahar.

24 novembro 2019

A um livreiro, que havia comido um canteiro de alfaces com vinagre


Levou um livreiro a dente
De alfaces todo um canteiro,
E comeu, sendo livreiro,
Desencadernadamente.
Porém, eu digo que mente
A quem disso o quer taxar;
Antes é para notar
Que trabalhou como um mouro,
Pois meter folhas no couro
Também é encadernar.

Fonte: Spina, S. 1995. A poesia de Gregório de Matos. SP, Edusp.

23 novembro 2019

As espécies existem?

Louis Agassiz

Parece-me existir grande confusão de ideias na declaração sobre a variabilidade das espécies, tantas vezes repetida ultimamente. Se as espécies absolutamente não existem, como afirmam os defensores da teoria da transmutação, como podem variar? E, se existem unicamente os indivíduos, como podem as diferenças entre eles observadas provar a variabilidade das espécies?

Fonte: Hardin, G., org. 1967. População, evolução & controle da natalidade. SP, Nacional & Edusp. Artigo originalmente publicado em 1860.

14 novembro 2019

Notas sobre a cosmologia Yawalapíti

Eduardo Viveiros de Castro

Pretendo aqui lançar algumas hipóteses sobre as concepções de tempo, criação, mito e ritual entre os Yawalapíti, grupo de língua Aruaque que participa do sistema social do Alto Xingu. A tentativa é a de uma caracterização da cosmologia xinguana, não em termos de seus conteúdos, mas de seus princípios gerais.

Fonte: Viveiros de Castro, E. B. 1978. In: Religião e Sociedade, v. 3. RJ, Civilização Brasileira.

12 novembro 2019

Treze anos e um mês no ar

F. Ponce de León

Nesta terça-feira, 12/11, o Poesia contra a guerra completou 13 anos e um mês no ar.

Desde o balanço anterior – ‘Aniversário de 13 anos’ – foram publicados aqui pela primeira vez textos dos seguintes autores: Han Fei-Tzu, J. M. Rubio Recio, James Herndon, Mark Selikowitz, Merval Rosa, Thomas Hood e Waldemar Lopes. Além de outros que já haviam sido publicados antes.

Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes pintores: Carlo Carrà, Eleuterio Pagliano e Gerolamo Induno.

11 novembro 2019

Triste pressentimento


Gerolamo Induno (1825-1890). Triste presentimento. 1862.

Fonte da foto: Wikipedia.

10 novembro 2019

Trabalhador vota em trabalhador


É como se dizia em 1982:

PATRÃO vota em PATRÃO,
TRABALHADOR vota em TRABALHADOR!

04 novembro 2019

Transposto em carne


da solidão do abraço é que há os olhos
entreabertos húmidos vigilantes
contemplando o musgo (os teus cabelos
de liso toque e meu sinal de alarme)

da solidão do abraço é que há o vinho
a erupção do caos em teu redor
e labaredas altas despenhadas
no ter corpo de sumo e minha órbita

da solidão do abraço é que há um peixe
a navegar por mim com escamas lentas
é um aquário   o sol à transparência
no coração selvagem   mão terrível

da solidão do abraço é que há a paz
sinal de flor aqui transposta em fogo
é guerra desejada é arma viva
de um deus alvoroçado humano e louco

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1972.

03 novembro 2019

O preço dos anfíbios

James Herndon

Uma expressão só tem significado dentro do fluxo da vida.
– Wittgenstein.

Este capítulo é sobre o fato de que é realmente assim, de que uma expressão só tem significado dentro do fluxo da vida. É também a respeito da noção lógica de que para saber, aproximadamente, o que é uma coisa (dentro do fluxo da vida) você deveria ser capaz de saber como seria se ela não existisse.

Alienação é uma expressão assim. Dentro do afluente particular que é a escola, essa expressão significa que um indivíduo desiste do seu Eu (negando o que ele sabe ser de uma maneira em favor daquilo que a escola diz que é) para atingir o sucesso e evitar o fracasso. Naturalmente, fracasso e sucesso também são expressões e só têm significado dentro do fluxo em questão, mas quando alguém se lembra disso, já está normalmente com quarenta anos e fica reduzido a poder apenas escrever sobre o assunto.

Fonte: Marin, P ; Stanley, V. & Marin, K., orgs. 1984 [1975]. Os limites da educação escolar. RJ, Francisco Alves. Texto publicado em livro em 1971.

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