Felipe A. P. L. Costa
Quantas gerações de sua família seriam necessárias para
retrocedermos até a época do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882)?
Não sabe ou não lembra? Pois então pesquise e faça as
contas. Pode ser uma oportunidade de colocar a história recente de sua família
em perspectiva.
No que segue, apresento a minha resposta. Antes, porém, dois
esclarecimentos. Conheci as minhas avós, mas não conheci os meus avós, nem o paterno
nem o materno. Também devo dizer que não tive acesso às certidões de nascimento
ou falecimento de nenhum dos quatro. Embora escreva com base em lembranças da
história familiar, tenho motivos para acreditar que três deles poderiam ter
convivido com Darwin. Vejamos.
Lado materno. Minha avó faleceu em 1966, aos 79 anos. Feitas
as contas, constatamos que ela jamais poderia ter convivido com Darwin, pelo
simples motivo de ter nascido após a morte dele. O marido dela, meu avô,
faleceu em 1940, com cerca de 60 anos. Tendo nascido poucos anos antes de 1882,
ele bem poderia ter engatinhado na
presença de Darwin.
Lado paterno. A minha avó faleceu em 1975 e sua idade, na
época, era assunto controverso. As estimativas variavam de ‘noventa e tanto’ a
‘cento e pouco’ – digamos, entre 97 e 103 anos. A incerteza era por conta de
uma adulteração: na época do seu casamento, o que ela fez (ou foi levada a fazer)
muito precocemente, sua idade foi inflacionada. No entanto, mesmo adotando a
estimativa mais baixa, ela teria nascido alguns anos antes de 1882 e, assim, bem
poderia ter dito olá para o sr. Darwin.
O meu avô, cujo destino final sempre foi um mistério (ele saiu de casa um dia e
não voltou), era bem mais velho que minha avó, o que significa dizer que ele nasceu
vários anos antes de 1882. Meu avô, portanto, bem poderia ter conversado com Darwin.
Concluindo, e respondendo à pergunta do primeiro parágrafo:
no meu caso, para dizer olá ao sr. Darwin, seria necessário retroceder apenas três
gerações – a minha (1959), a dos meus pais (1909 e 1919) e a dos meus avós.