Beríngia
Tânia Andrade Lima
No quadro atual, e até que qualquer outra hipótese para a colonização inicial do vasto território americano venha a ser fartamente comprovada, grupos humanos dispersando-se pelo continente asiático parecem ter avançado em direção ao leste siberiano, alcançado a região do atual Estreito de Bering e penetrado na América, então despovoada.
Ao longo da última glaciação (Wisconsin), a retenção das águas na grandes geleiras continentais fez baixar o nível global dos oceanos em cerca de 120 metros abaixo do nível atual, deixando emersas amplas superfícies antes submersas. Novas faixas costeiras tornaram-se habitáveis, ilhas uniram-se a continentes, continentes uniram-se entre si. A região do Estreito de Bering, pouco profunda, foi paulatinamente dessecando até se tornar uma extensa planície com aproximadamente 1.500 km de largura, unindo o continente asiático ao americano, com o oceano Ártico ao norte e o Pacífico ao sul. Convencionou-se denominar esta área como Beríngia, aí compreendidas não apenas a plataforma emersa, mas também o nordeste da Sibéria, do lado asiático, e as porções centrais não geladas do Alasca e do Yukon, do lado americano.
Fonte: Lima, T. A. 2006. O povoamento inicial do continente americano: migrações, contextos, datações. In: H. P. Silva & C. Rodrigues-Carvalho, orgs. Nossa origem. RJ, Vieira & Lent.