31 outubro 2025

A velha mesquita de azulejos azuis


Edwin Lord Weeks (1849-1903). The old blue-tiled mosque outside of Delhi, India. 1885.

Fonte da foto: Wikipedia.

26 outubro 2025

A psalm of life

Henry Wadsworth Longfellow

WHAT THE HEART OF THE YOUNG MAN SAID TO THE PSALMIST.

Tell me not, in mournful numbers,
  Life is but an empty dream!
For the soul is dead that slumbers,
  And things are not what they seem.

Life is real! Life is earnest!
  And the grave is not its goal;
Dust thou art, to dust returnest,
  Was not spoken of the soul.

Not enjoyment, and not sorrow,
  Is our destined end or way;
But to act, that each to-morrow
  Find us farther than to-day.

Art is long, and Time is fleeting,
  And our hearts, though stout and brave,
Still, like muffled drums, are beating
  Funeral marches to the grave.

In the world’s broad field of battle,
  In the bivouac of Life,
Be not like dumb, driven cattle!
  Be a hero in the strife!

Trust no Future, howe’er pleasant!
  Let the dead Past bury its dead!
Act, – act in the living Present!
  Heart within, and God o’erhead!

Lives of great men all remind us
  We can make our lives sublime,
And, departing, leave behind us
  Footsteps on the sands of time;

Footsteps, that perhaps another,
  Sailing o’er life’s solemn main,
A forlorn and shipwrecked brother,
  Seeing, shall take heart again.

Let us, then, be up and doing,
  With a heart for any fate;
Still achieving, still pursuing,
  Learn to labor and to wait.

Fonte (sétima estrofe, em port.): Davies, P. 1999. O enigma do tempo. RJ, Ediouro. Poema publicado em livro em 1839.

23 outubro 2025

Depois de despacho com S. Exa. o governador em Lahane – 1951-1956

Ruy Cinatti

Atiro ao sol as montanhas
e fujo, deliro,
perseguido por palavras falsas.

Adiro à terra, ao cavalo
pastoreando no verde
sombrio vale.
Galopo, galopo até ao mar.

Na praia, os rochedos ferem.
Eu quero ser,
só o que sou.

Aos Timorenses chamo meus haveres.
Celebro ritos. Calo
Timor aos deuses.

Melhor que qualquer palavra
é o silêncio.

Melhor o contrato:
sangue aceite.

São braços levantados
frente ao Ocidente.

O sol-posto
nasce.

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1970.

22 outubro 2025

The appropriate boundaries

Seymour B. Sarason

When one becomes aware of and accepts a set of new ideas, there is the tendency to overgeneralize their significance, i.e., to perceive the world in terms of the new ideas, to restructure perceptions, to reinterpret past experience, and to see an altered future. It is a mixed blessing. On the one hand, there is the possibility that the ideas have validity, if only to the extent that other people feel compelled to take them seriously; on the other hand, they may be so idiosyncratic (however compelling to you) that you are unaware you are applying them far beyond their merit and appropriate boundaries.

Fonte: Taylor, R. J. 1984. Predation. Londres, Chapman. Trecho de livro publicado em 1977.

20 outubro 2025

Eu estou aqui!

Dilercy Adler

Eu estou aqui!
ocupando o meu espaço
designado neste mundo...
com amor imenso e profundo...

eu estou aqui
neste espaço limitado
que sinto meu
– embora nem sempre seja! –

eu estou aqui!
dividindo e somando
multiplicando e diminuindo
usufruindo e aplicando
todas as operações possíveis
superando o improvável
buscando o bendito
e abençoado amor de cada um
por esta terra tão linda!...

eu estou aqui!
ocupando o meu espaço designado
limitado
às vezes invadido
às vezes ampliado
me fazendo sentir inútil e bem-aventurado!

é certo – bem certo –
que eu estou aqui!

Fonte: publicado em livro em 2023, o poema acima foi enviado pela própria autora, a quem agradeço pela cortesia.

18 outubro 2025

A espera


Ferdinand Georg Waldmüller (1793-1865). Die Erwartete. 1860.

Fonte da foto: Wikipedia.

17 outubro 2025

Mineração sem destruição?

Roberto Dall’Agnol

Tentando responder à pergunta colocada no título [deste capítulo], pode-se concluir que, embora seus impactos sobre o meio ambiente sejam inquestionáveis, se conduzidas de modo socialmente responsável, as atividades de mineração na Amazônia não são incompatíveis com a preservação do meio ambiente, podendo-se tornar seus impactos negativos localizados e corrigir diversos dos seus efeitos nefastos. Isso exige, porém, uma constante vigilância da sociedade, uma mudança de mentalidade de vários dos seus segmentos e troca da busca incessante do lucro imediato por uma visão macroeconômica de longo prazo.

Fonte: Dall’Agnol, R. 1992. In: Aragón, L. E., org. Desenvolvimento sustentável nos trópicos úmidos, 2 vols. Belém, Unamaz & UFPA.

14 outubro 2025

Pequenino morto

Vicente de Carvalho

Tange o sino, tange, numa voz de choro,
Numa voz de choro... tão desconsolado...
No caixão dourado, como em berço de ouro,
Pequenino, levam-te dormindo... Acorda!
Olha que te levam para o mesmo lado
De onde o sino tange numa voz de choro...
   Pequenino, acorda!

Como o sono apaga o teu olhar inerte
Sob a luz da tarde tão macia e grata!
Pequenino, é pena que não possas ver-te...
Como vais bonito, de vestido novo
Todo azul celeste com debruns de prata!
Pequenino, acorda! E gostarás de ver-te
   De vestido novo.

Como aquela imagem de Jesus, tão lindo,
Que até vai levado em cima dos andores,
Sobre a fronte loura um resplendor fulgindo,
– Com a grinalda feita de botões de rosas
Trazes na cabeça um resplendor de flores...
Pequenino, acorda! E te acharás tão lindo
   Florescido em rosas!

Tange o sino, tange, numa voz de choro,
Numa voz de choro... tão desconsolado...
No caixão dourado, como em berço de ouro,
Pequenino levam-te dormindo... Acorda!
Olha que te levam para o mesmo lado
De onde o sino tange numa voz de choro...
   Pequenino, acorda!

Que caminho triste, e que viagem! Alas
De ciprestes negros a gemer no vento;
Tanta boca aberta de famintas valas
A pedir que as fartem, a esperar que as encham...
Pequenino, acorda! Recupera o alento,
Foge da cobiça dessas fundas valas
   A pedir que as encham.

Vai chegando a hora, vai chegando a hora
Em que a mãe ao seio chama o filho... A espaços,
Badalando, o sino diz adeus, e chora
Na melancolia do cair da noite;
Por aqui só cruzes com seus magros braços
Que jamais se fecham, hirtos sempre... É a hora
   Do cair da noite...

Pela Ave Maria, como procuravas
Tua mãe!... Num eco de sua voz piedosa,
Que suaves coisas que tu murmuravas,
De mãozinhas postas, a rezar com ela...
Pequenino, em casa, tua mãe saudosa
Reza a sós... É a hora quando a procuravas...
   Vai rezar com ela!

E depois... teu quarto era tão lindo! Havia
Na janela jarras onde abriam rosas;
E no meio a cama, toda alvor, macia,
De lençóis de linho no colchão de penas.
Que acordar alegre nas manhãs cheirosas!
Que dormir suave, pela noite fria,
   No colchão de penas...

Tange o sino, tange, numa voz de choro,
Numa voz de choro... tão desconsolado...
No caixão dourado, como em berço de ouro,
Pequenino, levam-te dormindo... Acorda!
Olha que te levam para o mesmo lado
De onde o sino tange numa voz de choro...
   Pequenino, acorda!

Por que estacam todos dessa cova à beira?
Que é que diz o padre numa língua estranha?
Por que assim te entregam a essa mão grosseira
Que te agarra e leva para a cova funda?
Por que assim cada homem um punhado apanha
De caliça, e espalha-a, debruçado à beira
   Dessa cova funda?

Vais ficar sozinho no caixão fechado...
Não será bastante para que te guarde?
Para que essa terra que jazia ao lado
Pouco a pouco rola, vai desmoronando?
Pequenino, acorda! – Pequenino!... É tarde!...
Sobre ti cai todo esse montão que ao lado
   Vai desmoronando...

Eis fechada a cova. Lá ficaste... A enorme
Noite sem aurora todo amortalhou-te.
Nem caminho deixam para quem lá dorme,
Para quem lá fica e que não volta nunca...
Tão sozinho sempre por tamanha noite!...
Pequenino, dorme! Pequenino, dorme...
   Nem acordes nunca!

Fonte (primeira estrofe): Horta, A. B. 2007. Criadores de mantras. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1908.

13 outubro 2025

Electrical units of measurement

William Thomson

I often say that when you can measure what you are speaking about, and express it in numbers, you know something about it; but when you cannot measure it, when you cannot express it in numbers, your knowledge is of a meagre and unsatisfactory kind: it may be the beginning of knowledge, but you have scarcely, in your thoughts, advanced to the stage of science, whatever the matter may be.

Fonte (em port.): Vianna, H. M. 1978. Testes em educação, 3ª ed. SP, Ibrasa. Excerto de livro publicado em 1889. O autor é mais comumente referido como Lorde Kelvin.

12 outubro 2025

Aniversário de 19 anos

F. Ponce de León

Neste domingo, 12/10, o Poesia Contra a Guerra está a completar 19 anos no ar (2006-2025).

Desde o balanço anterior – ‘18 anos e 11 meses no ar’ – foram publicados aqui pela primeira vez textos dos seguintes autores: Alwyn Smith, Anthony Quinton, Christopher Marlowe, Henri Poincaré, John Stuart Mill, Maria Helena Bodanese Zanettini e Otto J. Crocomo. Além de material de autores que já haviam sido publicados antes.

Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes artistas: Anton Braith, Carl Spitzweg e Friedrich Voltz.

10 outubro 2025

La naturaleza infinita de Dios

Bryan Magee & Anthony Quinton

Magee. – Uno de los argumentos que utilizó en favor de la unidad y la divinidad esencial del todo era el resultado del concepto de la naturaleza infinita de Dios. Si Dios es infinito, entonces non hay nada que no sea Dios. Dicho más claramente, si el mundo está separado de Dios, entonces él tiene fronteras, limites, y en ese caso es finito, no infinito. Se Dios es infinito, debe ser coexistente con todo.

Quinton. – Eso es al parecer lo más convincente que se puede decir para defender la posición de Spinoza; y existen precedentes en la filosofía anterior. Recurre a otros muchos argumentos para justificar su planteamiento, pero todo concluye en que sólo hay una cosa cuya explicación está en sí mesma. Todo lo que no sea eso tiene su explicación fuera de sí. Y esta Única Cosa, como ya he dicho, la identifica Spinoza con la naturaleza en su totalidad y, sorprendentemente, con Dios.

Fonte: Magee, B. 1990 [1987]. Los grandes filósofos. Madri, Catedra.

08 outubro 2025

O poeta pobre


Carl Spitzweg (1808-1885). Der arme Poet. 1839.

Fonte da foto: Wikipedia.

06 outubro 2025

Spenser, I see our souls are fleeting hence

Christopher Marlowe

Spenser, I see our souls are fleeting hence;
We are deprived the sunshine of our life.
Make for a new life, man; throw up thy eyes
And heart and hand to heaven’s immortal throne;
Pay nature’s debt with cheerful countenance;
Reduce we all our lessons unto this –
To die, sweet Spenser, therefore live we all;
Spenser, all live to die, and rise to fall.

Fonte (v. 5-8): Carpeaux, O. M. 2011. História da literatura ocidental, vol. 2, 4ª ed. Brasília, Senado Federal. O trecho acima integra os diálogos da Cena 6, Ato 4, de uma peça publicada em 1593.

03 outubro 2025

A verdade dos fatos

Bertrand Russell

O conceito de ‘verdade’, como algo dependente de fatos que ultrapassam largamente o controle humano, foi uma das maneiras pela qual a filosofia inculcou, até agora, a necessária dose de humildade. Quando este entrave ao nosso orgulho for afastado, um passo mais terá disso dado no caminho que leva a uma espécie de loucura – a intoxicação de poder que invadiu a filosofia com [Johann Gottlieb] Fichte, e à qual os homens modernos, filósofos ou não, estão propensos. Estou persuadido de que essa intoxicação é o maior perigo do nosso tempo, e que toda filosofia que, mesmo sem intenção, contribua para isso estará aumentando o perigo de um vasto desastre social.

Fonte: Sokal, A. & Bricmont, J. 1999. Imposturas intelectuais. RJ, Record. Excerto de livro publicado em 1961.

01 outubro 2025

Nature

John Stuart Mill

But even if it were true that every one of the elementary impulses of human nature has its good side, and may by a sufficient amount of artificial training be made more useful than hurtful; how little would this amount to, when it must in any case be admitted that without such training all of them, even those which are necessary to our preservation, would fill the world with misery, making human life an exaggerated likeness of the odious scene of violence and tyranny which is exhibited by the rest of the animal kingdom, except in so far as tamed and disciplined by man. There, indeed, those who flatter themselves with the notion of reading the purposes of the Creator in his works ought in consistency to have seen grounds for inferences from which they have shrunk. If there are any marks at all of special design in creation, one of the things most evidently designed is that a large proportion of all animals should pass their existence in tormenting and devouring other animals.

Fonte (última frase): Taylor, R. J. 1984. Predation. Londres, Chapman. Trecho de livro publicado em 1874.

eXTReMe Tracker