Poesia Contra a Guerra
A história da humanidade se confunde com a história das guerras. Deveríamos lutar para que se confundisse apenas com a história da literatura.
30 novembro 2014
28 novembro 2014
Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas
Felipe A. P. L. Costa
[Apresentação]
Este livro não é
propriamente uma introdução à ecologia acadêmica, mas tampouco é um manifesto
ambientalista. Embora alguns trechos possam servir como material didático,
minha maior preocupação foi reunir artigos que pudessem ser lidos por qualquer
cidadão interessado em ciência.
Os 26 capítulos da 2ª
edição (seis a mais que a anterior) lidam basicamente com temas e assuntos
biológicos, tanto no âmbito de disciplinas básicas (ecologia, biologia
evolutiva, etologia etc.) como aplicadas (biologia da conservação, da
restauração etc.).
Espero que a leitura seja
prazerosa, mas, sobretudo, instigante.
*
A primeira edição foi
publicada em fevereiro de 2003. A nova edição reproduz, em 158 páginas, todos
os capítulos originais (1-20), acompanhados agora de seis novos capítulos
(21-26). Corrigi erros e mal-entendidos presentes na edição anterior e alterei
alguns trechos que me pareceram datados ou inadequados para serem reproduzidas
do mesmo jeito. Acrescentei ilustrações em dois capítulos (13 e 14) e a tabela
que havia em um terceiro (19) foi substituída por um apêndice ilustrado e mais
detalhado.
Fonte: Costa, F. A. P. L.
2014. Ecologia, evolução & o valor
das pequenas coisas. Viçosa, Edição do Autor. Para entrar em contato com o
autor e/ou adquirir exemplares, escreva para o endereço eletrônico meiterer@hotmail.com.
26 novembro 2014
O cisne e o lago
Eduardo Guimaraens
Um cisne de suave e
soberba plumagem,
à flor de um lago azul
onde a manhã se espelha,
segue surpreso o cisne
irreal que o semelha
ao fundo d’água, e feito
à sua própria imagem.
Verdes, ao derredor, uma
ou outra ramagem
refletidas. E na onda a
luz do sol centelha.
Desde a rósea alvorada à
véspera vermelha,
sente o cisne a enlevá-lo
essa branca miragem.
Pende às vezes o colo
esbelto longamente
para o cristal: e beija
um fantasma que mente,
até que baixe a noite e
as suas penas tisne.
Tremem os caniçais... os
astros despontaram...
E fica o cisne só, como
as almas que amaram
e para quem o amor foi a
sombra de um cisne.
24 novembro 2014
A reação romântica
Alfred North Whitehead
Quando abandonamos a
teologia apologética e nos dirigimos para a literatura, observamos, como era de
esperar, que a visão científica é em geral simplesmente ignorada. No que
respeita à generalidade da literatura, a ciência tem passado despercebida. Até
há pouco quase todos os escritores se embebiam na literatura clássica e
renascentista. Na maior parte nem a filosofia nem a ciência conseguiam
interessá-los; por outro lado, os seus espíritos encontravam-se predispostos para
as ignorar.
Há exceções, decerto, e,
mesmo confiando-nos à literatura inglesa, essas exceções incluem alguns dos
maiores nomes: além disso, a influência indireta da ciência foi considerável.
Encontra-se uma prova
disso ao examinar alguns dos grandes poemas da literatura inglesa, cujo nível
geral lhes dá um caráter didático. Os poemas que nos interessam neste caso são [Paraíso perdido], de Milton, o Ensaio sobre o homem, de Pope, a Excursão, de Wordsworth, In memoriam, de Tennyson. Milton, embora
escrevendo após a Restauração, defende a feição teológica dos primeiros tempos
do seu século, livre ainda da influência do materialismo científico. O poema de
Pope representa o efeito dos sessenta anos seguintes sobre o pensamento popular,
incluindo neles o primeiro período do triunfo do movimento científico.
Wordsworth exprime com todo o seu ser uma reação consciente contra a
mentalidade do século 18. Essa mentalidade significa nada mais que a aceitação
das idéias científicas em todo o seu valor. Wordsworth não era animado por
qualquer antagonismo intelectual; movia-o, sim, uma repulsão moral. Sentia que
qualquer coisa se havia perdido, e que fora precisamente o mais importante.
Tennyson é o expoente máximo das tentativas do decadente movimento romântico,
no segundo quartel do século 19, para chegar a um acordo com a ciência.
[...]
22 novembro 2014
Morte no interrogatório
Egito Gonçalves
Às três da madrugada eu
dormia sem sonhos.
Minha mulher dormia a meu
lado. Eu tinha
uma da mãos pousada sobre
a sua coxa.
Uma lua de outono brilhava sobre as ruas;
um ar agreste preparava as noites para o inverno.
Às três da madrugada os
companheiros
dormiam quase todos. Um
deles, porém,
regressava, fatigado, de
um trabalho nocturno.
Era a hora dos fogos-fátuos sobre as campas;
a hora em que os exilados buscam o sono em comprimido.
Às três da madrugada sua
mulher ainda velava.
Embrulhada num xaile
tinha um livro entre as mãos;
insone, acendera a luz
havia meia hora.
Na sala o interrogatório atravessava o tempo;
lâmpadas de mil vátios tornavam a vida irrespirável.
Às três da madrugada o
coração fraquejou
e os dois comissários
ficaram perante um homem morto
e dois cinzeiros com
trinta pontas de cigarros.
Fonte: Silva, A. C. &
Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em
livro em 1963.
20 novembro 2014
Econometria
M. J. C. Surrey
A econometria é a arte de
confrontar o raciocínio a priori do
economista teórico com a evidência estatística disponível. Os tipos de
resultados que podem ser obtidos, e os tipos de problemas que podem surgir,
podem ser ilustrados muito facilmente através de um exemplo simples. Keynes
sugeriu que o consumo dependeria primordialmente do nível de renda; assim:
Ct = f(Yt), (1.1)
onde Ct
representa o nível de consumo no tempo t
e Yt o nível de renda. O primeiro
problema que confronta o econometrista é aquele de especificar a forma
matemática da função geral (1.1). Suponhamos que esta seja linear:
Ct = α
+ βYt. (1.2)
Então, o próximo passo seria o de se encontrar os valores de
α e β que descrevem os dados disponíveis sobre o consumo e a renda da melhor
maneira possível.
[...]
Fonte: M. J. C. Surrey,
M. J. C. 1979 [1974]. Uma introdução à
econometria. RJ, Zahar.
18 novembro 2014
O que é o fruto?
Felipe A. P. L. Costa
Para alguns autores, o
fruto nada mais é do que o ovário maduro. Via de regra, a maturação do ovário
(e de outras estruturas florais) tem início com a chegada do andrófito (grão de
pólen) ao estigma. O grão de pólen germina, dando origem a um tubo polínico, por meio do qual duas células espermáticas são levadas até o
ginófito (saco embrionário), uma estrutura tipicamente octonucleada. Uma das
células espermáticas se funde com a oosfera, dando origem ao zigoto e este ao
embrião. A outra se funde com a célula central (binucleada) do ginófito, dando
origem ao xenófito (mais conhecido como endosperma), tecido de reserva a ser
consumido pelo embrião. Essa dupla
fecundação é uma característica exclusiva das angiospermas. Após a fecundação,
o ovário se desenvolve em fruto, enquanto
o rudimento seminal (comumente chamado de óvulo) se desenvolve em semente, dentro da qual está o embrião.
Do mesmo modo como os rudimentos seminais estão dentro de ovários, as sementes
estão dentro de frutos.
[Ocorre] que, em certos
casos, o próprio ovário é abraçado por outras estruturas florais. O receptáculo
(estrutura que sustenta a flor), por exemplo, ou o pedúnculo (estrutura que
conecta o receptáculo a um ramo) pode se hipertrofiar, a ponto de sobrepor ou
mesmo envolver todo o ovário. Os autores para quem o fruto corresponde apenas
ao ovário maduro costumam chamar a esse conjunto de estruturas hipertrofiadas
de pseudofruto (‘falso fruto’) ou fruto acessório. Alternativamente, porém,
outros autores adotam uma definição mais abrangente, do tipo: fruto é toda e qualquer estrutura do corpo
de uma angiosperma que contém sementes. Essa segunda definição deixa de
fora apenas uma situação excepcional, que é a dos chamados ‘frutos partenocárpicos’
– i.e., estruturas que resultam do desenvolvimento de um gineceu não fecundado.
Fonte: Costa, F. A. P. L.
2014. Ecologia, evolução & o valor
das pequenas coisas, 2ª edição. Viçosa, Edição do Autor.
16 novembro 2014
Termos de comparação
Zulmira Ribeiro Tavares
São lidos por
especialistas
um pequeno círculo
ávido.
A avestruz é um
bicho-raro.
O poeta uma ávis-trote.
A avestruz engole
tudo: parafusos em princípio.
O poeta não
digere uma
única partícula.
Tudo: fica-lhe atravessado.
no papel, para tanto
estraçalha e regurgita –
ei-la: a Arte!!
Com quantas letras
escreve-se “destroço”?
e “pútrido”?
com quantas, “estrutura”?
Para escrevê-las
com quantos dentes
mastiga-se?
para romper certas
palavras
o que se morde? o que
sangra de início,
a língua?
Mas quem morde a língua
é o arrependido,
o que se cala.
Por isso a avestruz
é o bicho cândido.
O poeta, o tão difícil.
Todo o mundo sabe que ela
é simples.
Cada enciclopédia a
determina.
Ninguém confunde
a localização das plumas
o bico contra o peito:
direção na fuga
o parafuso dentro
do estômago.
Vamos devagar com os poetas.
Por que são aves?
Porque regulam o peso de seus braços
e conforme cismam – voam.
Ávis-trotes porque pulam
inesperadamente
e quebram os braços.
Lidos por um grupo ávido.
Por que ávido?
por que de especialistas?
por que lidos?
Porque: –
não engolem
nem recusam
porque atrapalha
o comum espetáculo
circense
do parafuso descendo pelo
esôfago
o seu engasgo, o seu espasmo.
Porque são
intrusos.
Não se aceitam ávis-trotes
nos circos – Não comem
espadas
muito menos fogo.
Porque não se juntam
ao comum dos espectadores
na arquibancada
mansamente digerindo sobras.
Porque não têm país certo
assinalado no mapa
como sói acontecer às
avestruzes.
Seu país é:
Nenhures.
Terra de difícil acesso
sujeita tanto
aos roedores
quanto à ação
das irradiações atrozes.
Em Nenhures
os acontecimentos
desencadeiam-se fatais
ou, ao contrário, lúdicos.
Por exemplo em Nenhures
as unhas crescem
sozinhas do solo
simples para
beliscarem certas
zonas glúteas
É o cúmulo! – dizem todos
–
É impensável!
Num país sujeito a
irradiações
e à fatalidade
as unhas crescerem
e para isso!
Por isso os especialistas
se interessam
Por isso sabem
São especialistas, por
isso
poucos.
A ávis-trote
– nome científico, o
vulgo a conhece por poeta –
também
é estudada nas escolas
fora do círculo.
Mais escassas fazem-se as
respostas
a curiosidade nas
crianças amaina-se
acalma-se, o poema: ovo
choco muita vez
pois o poeta é fase histórica
não escapa –
raramente põe-se
como objeto de estudos.
De seu autor, pouco
provável que se tenha
uma noção menos confusa.
O povo aclama a avestruz!
as plumas! ah!
a esplêndida
aventura audaz do parafuso!
Fonte: Hollanda, H. B.,
org. 2001 [1976]. 26 poetas hoje, 4ª
edição. RJ, Aeroplano. Poema publicado em livro em 1974.
14 novembro 2014
13 novembro 2014
As pedagogias do conhecimento
Louis Not
Desde o século XVIII,
pelo menos, duas perspectivas pedagógicas se contrapõem. Numa quer-se ensinar,
instruir, formar. Ensina-se uma matéria às crianças, ou seja, situa-se diante
de dois objetos: a matéria e a criança; do exterior, subtrai-se o aluno de seu
estado de criança; ele é dirigido, modelado e equipado. Esta é a tese antiga:
ela continua a ter partidárias, apesar das críticas e variações que sofreu. A
antítese se precisa após Rousseau, quando se declara que o aluno traz em si os
meios de assegurar seu próprio desenvolvimento, sobretudo intelectual e moral,
e que toda ação que intervém do exterior só pode deformá-lo ou entravá-lo.
E porque a História
parece justificá-lo, os dois métodos, os antigos e os modernos foram
contrapostos, embora uns sejam tão atuais quanto os outros. Por vezes o
tradicional é rejeitado em nome do novo, como se tradicional e caduco fossem
sinônimos ou como se, com o passar dos anos, o novo não se tornasse tradição.
Outras vezes enfim, porque as aparências sugerem e porque Rousseau e os
pedagogos nele inspirados põem a ação na origem de todo o conhecimento, são
denominados ativos os métodos que eles preconizam; depois, porque as oposições
facilitam a classificação, diz-se que nos outros o aluno não é ativo... e
denuncia-se, ao mesmo tempo, a multiplicidade das tarefas que eles obrigam os
alunos a realizar.
[...]
12 novembro 2014
Noventa e sete meses no ar
F. Ponce de León
Nesta quarta-feira, 12/11, o Poesia
contra a guerra completa noventa e sete meses no ar. Ao longo desse
período, e até o fim do expediente de ontem, o contador instalado no blogue
registrou 259.233 visitas.
Desde o balanço anterior – Aniversário de oito anos – foram aqui
publicados pela primeira vez textos dos seguintes autores: Aécio Pereira
Chagas, Brian Charlesworth, Bruce Springsteen, Bruno Walter, Charles Bunn, Deborah
Charlesworth, Gyula Juhász, Henfil, Itálico Marcon, Luis Cernuda, Neil Edwards,
Othon Henry Leonardos e Viktor Leinz. Além
de alguns outros que já haviam sido publicados em meses anteriores.
Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes
pintores: George Whiting Flagg e Washington Allston.
09 novembro 2014
Los fantasmas del deseo
Luis Cernuda
Yo no te conocía, tierra;
con los ojos inertes, la mano aleteante,
lloré todo ciego bajo tu verde sonrisa,
aunque, alentar juvenil, sintiera a veces
un tumulto sediento de postrarse,
como huracán henchido aquí en el pecho;
ignorándote, tierra mía,
ignorando tu alentar, huracán o tumulto,
idénticos en esta melancólica burbuja que yo soy
a quien tu voz de acero inspirara un menudo vivir.
Bien sé ahora que tú eres
quien me dicta esta forma y este ansia;
sé al fin que el mar esbelto,
la enamorada luz, los niños sonrientes,
no son sino tú misma;
que los vivos, los muertos,
el placer y la pena,
la soledad, la amistad,
la miseria, el poderoso estúpido,
el hombre enamorado, el canalla,
son tan dignos de mí como de ellos yo lo soy;
mis brazos, tierra, son ya más anchos, ágiles,
para llevar tu afán que nada satisface.
El amor no tiene esta o aquella forma,
no puede detenerse en criatura alguna;
todas son por igual viles y soñadoras.
Placer que nunca muere
beso que nunca muere,
beso que nunca muere,
sólo en ti misma encuentro, tierra mía.
Nimbos de juventud, cabellos rubios o sombríos,
rizosos o lánguidos como una primavera,
sobre cuerpos cobrizos, sobre radiantes cuerpos
que tanto he amado inútilmente,
no es en vosotros donde la vida está, sino en la
tierra,
en la tierra que aguarda, aguarda siempre
con sus labios tendidos, con sus brazos abiertos.
Dejadme, dejadme abarcar, ver unos instantes
este mundo divino que ahora es mío,
mío como lo soy yo mismo,
como lo fueron otros cuerpos que estrecharon mis
brazos,
como la arena, que al besarla los labios
finge otros labios, dúctiles al deseo,
hasta que el viento lleva sus mentirosos átomos.
Como la arena, tierra,
como la arena misma,
la caricia es mentira, el amor es mentira, la
amistad es mentira.
Tú sola quedas con el deseo,
con este deseo que aparenta ser mío y ni siquiera
es mío,
sino el deseo de todos,
malvados, inocentes,
enamorados o canallas.
Tierra, tierra y deseo.
Una forma perdida.
07 novembro 2014
06 novembro 2014
Quando eu era um jovem regente
Bruno Walter
Quando eu era um jovem
regente, todos os músicos amavam Mozart e queriam tocar sua música, porém os
diretores dos teatros eram contra essa idéia. Não dava bilheteria. Por exemplo,
em Riga, lembro-me muito bem que um membro do Conselho, quando descobriu que a
bilheteria não estava indo muito bem, disse que nos deveríamos apresentar peças
melhores! E então, graças aos esforços de Mahler em Viena, Mozart foi visto por
um novo prisma. Sua veracidade dramática foi reconhecida e Mozart virou boa bilheteria... e mais tarde eu continuei
com a mesma linha em Munique. Fiquei dez anos em Munique e é claro que servi
muito bem à causa de Mozart... Ele se tornou um dos trunfos da Ópera de Munique.
E então, mais tarde, eu voltei a Viena uma vez mais e assumi a direção da ópera
de Viena de 1935 até a chegada de Hitler. A essa altura, Mozart já se
transformara em grande bilheteria. Maior do que Verdi, maior do que Wagner.
04 novembro 2014
Identificação de substâncias
Aécio Pereira Chagas
Os químicos e os
detetives têm muita coisa em comum. Cada um deles tem diante de si problemas
muito semelhantes e que têm até o mesmo nome: identificação. A maneira de
resolvê-los também é semelhante, ou seja, os químicos às vezes trabalham como
Sherlock Holmes ou Hercule Poirot, procurando pistas e fazendo hipóteses e
deduções até encontrar a solução. A diferença é que o detetive lida com pessoas
e o químico com substâncias. E assim como o detetive deve conhecer o
comportamento das pessoas para resolver o seu problema, o químico também deve
conhecer o comportamento das substâncias (suas propriedades, como também se
diz) para resolver seu problema. O detetive deseja encontrar uma pessoa: o
criminoso, a testemunha, às vezes até a vítima, e também as provas para
resolver seu caso. O químico também deseja encontrar a substância, às vezes
conhecida, às vezes desconhecida, e também as ‘provas’ para resolver seu caso:
as águas da lagoa estão contaminadas com mercúrio? Qual o teor de álcool na
gasolina? E o de água no álcool? E no vinho? Aquela chapa de aço enferrujou
fácil, qual seu teor de [cromo]? Aquele medicamente tem mesmo a composição
mencionada no rótulo? Qual o teor de cobre naquele mineral? Qual o teor de
proteína naquela ração? Quanto nitrogênio precisa ser adicionado ao solo para
se atingir os teores necessários àquela cultura? Quanto de sódio e potássio há
no sangue? Quanto de ácido e de fenol há no vinho? Quanto mentol há nas folhas
daquela variedade de hortelã? Estas são questões formuladas aos químicos em
todas as partes do mundo e a todo instante. Há ainda outras que não refletem
este imediatismo das formuladas acima.
[...]
02 novembro 2014
Orogênese
Viktor Leinz & Othon Henry Leonardos
Conjunto de fenômenos que
levam à formação de montanhas. Em geral, a designação se aplica principalmente
ao caso de montanhas originadas por diastrofismo (dobramento, falhamento, ou combinação
de ambos), conquanto na sua acepção mais ampla inclua também a formação das
montanhas de vulcanismo e erosão. As montanhas de dobramentos (Andes, Alpes, Himalaia,
etc.) são produzidas principalmente por esforços tangenciais, tanto unilaterais
como bilaterais. As montanhas de falhamento originam-se de esforços verticais.
As causa da [orogênese] são
discutíveis. A teoria da contração
admite que a contração do interior da Terra (perda térmica, cristalização) é
capaz de originar pressões tangenciais que atuam na crosta. As teorias magmáticas (empenamento, oscilação,
etc.), muito em voga atualmente, admitem como causa primária os movimentos no
substrato magmático, seja sob forma de correntes de convecção, seja de marés
magmáticas, provocando tumores na crosta sólida. A teoria da migração dos continentes [...] postula
que os blocos continentais (siálicos), ao deslizarem, amarrotam geossinclinais,
originando cadeias de montanhas. Alguns autores admitem hoje um certo periodicismo
da [orogênese], bem como o seu sincronismo. O tempo da sua duração parece ser
relativamente curto.