Poesia Contra a Guerra
A história da humanidade se confunde com a história das guerras. Deveríamos lutar para que se confundisse apenas com a história da literatura.
31 agosto 2016
29 agosto 2016
Balanço
Adolfo Casais Monteiro
Afinal, toda a minha
poesia era verdade...
A noite é infindável, e
os dias
são a mesma vastidão de
carne apodrecida
morrendo sem saber de que
morria.
Os rios são os mesmos, ou
as ruas,
que só levam lá de onde
não saí.
O silêncio é sempre a
única resposta.
Se não pedi, que haviam
de me dar?
28 agosto 2016
Abastecimento de energia e contração muscular
Jürgen Weineck
No início de qualquer
treinamento esportivo de maior intensidade, em que a necessidade de energia não
pode ser suficientemente satisfeita de forma aeróbica – a demora inicial na
absorção respiratória de oxigênio provavelmente é causada por uma resposta
relativamente lenta do sistema circulatório para começar a trabalhar [...] –, o
músculo é obrigado a obter a energia necessária, em parte, por meio de
processos anaeróbicos.
A primeira reação que
fornece energia é a quebra do ATP [...].
A quantidade de ATP na
célula muscular é de aproximadamente 6 mmol por kg de massa muscular úmida
[...] e é suficiente apenas para segundos, em contrações musculares máximas.
[...]
Quando uma carga dura
mais de 1 minuto, a obtenção aeróbica de energia, que ocorre nas mitocôndrias,
assume um progressivo papel dominante.
[...]
Ao contrário do que acontece
na preparação anaeróbica de energia, aqui podem ser utilizadas, como portadoras
de energia, além da glicose, também gorduras (na forma de ácidos graxos livres
[...]) e, em casos de emergência (como fome ou carga de duração extrema), até
proteínas (na forma de aminoácidos [...]).
É importante ainda
salientar que a intensidade do trabalho muscular – e com isso a velocidade de
contração da fibra muscular – modifica-se, dependendo do abastecimento possível
de energia [...].
27 agosto 2016
300 mil visitas
F. Ponce de León
25 agosto 2016
É o silêncio...
Pedro Kilkerry
É o silêncio, é o cigarro
e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada
livro que olha.
E a luz nalgum volume
sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em
cada folha.
Não sei se é mesmo a
minha mão que molha
A pena, ou mesmo o
instinto que a tem presa.
Penso um presente, num
passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das
cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que
traço
A ilusão de um sentido e
outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse
teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala
muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da
rima
Paira-me no ar. Quedo-me
como um Buda
Novo, um fantasma ao som
que se aproxima.
Cresce-me a estante como
quem sacuda
Um pesadelo de papéis
acima...
.. .. .. .. .. .. .. ..
.. ..
E abro a janela. Ainda a
lua esfia
Últimas notas trêmulas...
O dia
Tarde florescerá pela
montanha.
E oh! minha amada, o
sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade
a aranha,
Patas de um gato e as
asas de um morcego.
23 agosto 2016
Grandes bacias intracratônicas
Setembrino Petri & Vicente José Fúlfaro
Na maior parte do
Siluriano, o crato sul-americano encontrava-se emerso, sujeito a erosão. Expansões
marginais da faixa geossinclinal andina, formando bacias marginais desta idade,
ocorrem no Paraguai oriental e Amazonas [...].
[...] É somente no
Eocarbonífero que se tornaram bem definidas três grandes bacias intracratônicas
de sedimentação: Amazonas, Parnaíba (ou Maranhão) e Paraná [...].
[...]
A bacia sedimentar do
Amazonas abrange uma faixa de aproximadamente 200 km de largura, de ambos os
lados do rio Amazonas, em seu curso médio, alargando-se para as cabeceiras e
distribuindo-se do Acre ao Pará. Compreende quatro partes, ou sub-bacias,
separadas por altos do embasamento. São elas: Acre, Alto Amazonas, Médio
Amazonas e Baixo Amazonas [...].
[...]
A bacia sedimentar do
Parnaíba, também chamada do Maranhão, abrange quase inteiramente os estados do
Piauí e Maranhão e partes adjacentes de Goiás [Tocantins] e Ceará. Tem forma
aproximadamente oval, estando separada das bacias do Amazonas e do Marajó, e
das bacias costeiras de São Luís e Barreirinhas, por estruturas tectônicas.
[...]
A bacia sedimentar do Paraná
situa-se no centro-leste da América do Sul, abrangendo uma área de 1.600.000 km2,
dos quais 1.000.000 km2 situados em território brasileiro, 400.000
km2 em território argentino, 100.000 km2 em território uruguaio
e 100.000 km2 em território paraguaio. A maior parte dos estados de
São Paulo, Paraná e Santa Catarina (regiões central e ocidental) situam-se
nessa bacia. No litoral sul de Santa Catarina (Morro do Convento, próximo a
Araranguá) e norte do Rio Grande do Sul (Torres) a bacia chega ao litoral e
projeta-se pela plataforma continental. Pequena parte do sudoeste de Minas
Gerais (Triângulo Mineiro e regiões adjacentes) também se inclui na bacia. A
parte brasileira do lado ocidental da bacia (margem direita do rio Paraná), dos
limites com o Paraguai para o norte, até a latitudes inferiores a 13°, situa-se
nos estados de Mato Grosso e Mato Grasso do Sul, e sul de Goiás [...]. Não
houve a situação de esforços de compressão capazes de produzir dobramentos intensos.
As deformações estruturais são associadas a falhas ou a intrusões diabásicas.
[...]
21 agosto 2016
O doping venceu
Eduardo Colli
Em 24 de setembro [de 1988], na final dos 100 metros livres [dos Jogos Olímpicos de Seul], o grande favorito era Carl Lewis [...] [S]uspeitava-se que [Benjamin ‘Ben’] Johnson, como ocorreu no Mundial de 1987, estava escondendo as cartas, classificando-se com dificuldades até arrancar para ganhar o título.
[...]
O cronômetro deixou todos boquiabertos: Johnson 9,79 (marca igualada por Maurice Greene dos Estados Unidos em junho de 1999), Lewis 9,92, Lindford Christie 9,79 e Calvin Smith 9,99. Quatro homens abaixo dos 10 segundos, com Johnson quebrando seu recorde mundial em quatro centésimos de segundo.
O grande acontecimento durou apenas dez segundos, mas suas repercussões foram intermináveis. A bomba do escândalo, silenciosamente guardado explodiu 48 horas depois.
Uma vez cumprido todos os passos do regulamento, o resultado do exame antidoping de Ben Johnson foi anunciado positivo. Sua urina acusou o uso de Estanozolol, um esteroide anabolizante que produz massa muscular.
[...] Jonhson teve seu recorde mundial cassado e uma suspensão por dois anos. Voltando a competir, foi novamente pego no antidoping e banido definitivamente do esporte.
Fonte: Colli, E. 2004. Universo olímpico. SP, Códex.
19 agosto 2016
Os filhos do rei
Theodor Hildebrandt (1804-1874). Die Ermordung der Söhne Eduards IV. 1836.
Fonte da foto: Wikipedia.
17 agosto 2016
Números e algumas estimativas
Felipe A. P. L. Costa
A julgar pelo que vem se passando até agora, os Estados Unidos deverão sair vitoriosos dos Jogos Olímpicos de 2016 (Rio de Janeiro, 5 a 21/8). Os principais destaques positivos, no entanto, deverão ficar por conta da Austrália e do Japão, compensando o fraco desempenho que essas duas equipes tiveram nos Jogos de 2012 (ver o artigo ‘Números, estimativas e algumas lições’). As maiores frustrações, por sua vez, deverão ficar por conta da China e da Coreia do Sul.
A primeira de duas semanas
Sábado (13/8) à noite, encerradas as disputas, a contagem oficial (ver ‘Olympic medal count’) indicava que as onze primeiras posições eram ocupadas pelas seguintes delegações (entre parêntesis, o número de medalhas de ouro, prata e bronze, respectivamente): Estados Unidos (24, 18, 19), China (13, 11, 17), Grã-Bretanha (10, 13, 7), Alemanha (8, 5, 3), Japão (7, 3, 14), Rússia (6, 9, 8), Austrália (6, 7, 9), Itália (6, 7, 5), Coreia do Sul (6, 3, 4), França (5, 8, 5) e Hungria (5, 3, 3).
Temos uma segunda semana pela frente e mais da metade das medalhas ainda estarão em jogo. Todavia, admitindo que o calendário (em termos de modalidades) venha a repetir o que se passou nos Jogos de 2012 (Londres, 27/7 a 12/8), arrisco dizer que a classificação final não deverá fugir muito da seguinte projeção (entre parêntesis, duas estimativas para o número de medalhas de ouro e para o total de medalhas, uma levando em conta o desempenho em relação às demais equipes, outra levando em conta o percentual de medalhas da própria equipe): Estados Unidos (38-45 de ouro, 101-102 no total); China (16-25, 56-58); Grã-Bretanha (16-22, 48-49); Rússia (14-21, 45-48); Austrália (9-21, 35-44); Japão (8-25, 33-45); Alemanha (8-18, 32-33); Hungria (8-10, 23-27); Itália (7-9, 30-31); França (7-8, 23-24) e Coreia do Sul (7-8, 17).
Em 2012, a classificação final mostrava a presença desses mesmos países, embora em uma ordem diferente, a saber: Estados Unidos, China, Grã-Bretanha, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha, França, Itália, Hungria, Austrália e Japão. É bom ressaltar que, este ano, em virtude dos cortes de atletas em diversas modalidades (ver matéria ‘Russia Olympics team could be cut to 40 amid IOC backlash’, de Bem Rumsby, publicada no The Telegraph, em 25/7/2016), a classificação final da Rússia poderá sofrer uma oscilação apreciável.
Para além da banalidade
Comparando os resultados de 2012 com as projeções aqui apresentadas, os dois maiores destaques positivos (i.e., as duas maiores ascensões) ficariam por conta da Austrália e do Japão. Por sua vez, as duas maiores frustrações ficariam por conta da China (perda de medalhas, embora talvez consiga manter o segundo lugar geral) e da Coreia do Sul (perda de medalhas e de posição).
Caberia ainda chamar a atenção para o desempenho acanhado de quatro dos países mais populosos do mundo (ver UN/Desa/Population Division), a saber: Índia (1,3 bilhão de habitantes), Brasil (208 milhões), Nigéria (182 milhões) e México (127 milhões). O mau desempenho da Índia é um caso particularmente intrigante – os indianos, ao que parece, além de uma desmedida paixão pelo críquete, um esporte não olímpico, têm suas próprias ‘Olimpíadas’ (ver matéria ‘Lamaçal olímpico’, de Daniel Brito e Ugo Araujo, publicada no portal UOL, s/d). Os nigerianos, por sua vez, têm prioridades mais básicas para resolver.
Restariam o Brasil e o México, países com uma renda per capita bem mais alta (México, US$ 9 mil; Brasil, US$ 8,5 mil; Nigéria, US$ 2,6 mil; Índia, US$ 1,6 mil – para detalhes, ver o relatório ‘GDP per capita’), mas onde a prática esportiva continua concentrada em apenas uma ou outra modalidade. Tamanha monotonia talvez ajude a explicar o fraco desempenho que as equipes desses dois países habitualmente têm em competições internacionais. É uma pena. No caso brasileiro, mais especificamente, ouso dizer que o nosso secular embotamento esportivo só irá mudar a partir do dia em que as aulas de educação física em nossas escolas conseguirem romper a inércia atual, superando a onipresença – e a banalidade – do futebol.
15 agosto 2016
No convé que diguem el nom
Salvador Espriu
No convé que diguem el nom
del qui ens pensa enllà de la nostra por.
Si topem a les palpentes
amb aquest estrany cec,
i ens sentim sempre mirats
pel blanc esguard del cec,
on sinó en el buit i en el no-res
fonamentarem la nostra vida?
Provarem d’alçar en la sorra
el palau perillós dels nostres somnis
i aprendrem aquesta lliçó humil
al llarg de tot el temps del cansament,
car sols així som lliures de combatre
per l’última victòria damunt l’esglai.
Escolta, Sepharad: els homes no poden ser
si no són lliures.
Que sàpiga Sepharad que no podrem mai ser
si no som lliures.
I cridi la veu de tot el poble: “Amén”.
Fonte: Pinto, J. N. 2002. Solos do silêncio, 3ª edição. SP, Geração Editorial. Poema publicado em livro em 1960.
13 agosto 2016
Os reis da Alexandria
Constantine P. Cavafy
Reuniram-se os
alexandrinos
para verem os filhos de
Cleópatra:
Cesarião e seus irmãos
mais jovens,
Alexandre e Ptolomeu, que
por vez primeira ao
Ginásio levados
reis seriam proclamados,
em parada militar
brilhante.
Alexandre foi proclamado
rei
da Armênia, de Média e de
Partia.
Ptolomeu foi proclamado
rei
da Cecília, da Síria e de
Fenícia.
Cesarião de pé, na frente
deles,
vestido com seda
cor-de-rosa,
um ramalhete de jacintos
nos braços,
na cintura uma dupla fila
de ametistas e safiras,
as sandálias atadas com
brancas fitas,
com amarelas pétalas
bordadas.
A ele coube o maior dos
títulos:
proclamaram-no Rei dos
Reis.
Os alexandrinos
certamente compreenderam
que tudo aquilo eram
palavras de faz-de-conta.
O dia estava quente,
porém, e poético,
com céu de pálido azul.
O Ginásio de Alexandria
era uma obra-prima.
As vestes dos cortesãos,
esplêndidas,
Cesarião era todo charme
e beleza
(filho de Cleópatra,
sangue dos Lágidas).
Os alexandrinos, em
multidões, ao festival acorreram
e entusiasmados saudavam
em grego,
em egípcio, em hebraico
alguns,
encantados com a beleza
do espetáculo,
embora soubessem,
naturalmente,
o que tudo aquilo valia,
eram aqueles reinos
palavras vazias.
12 agosto 2016
Nove anos e dez meses no ar
F. Ponce de León
Nesta sexta-feira, 12/8, o Poesia
contra a guerra completa nove anos e dez meses no ar. Ao longo desse
período, e até o fim do expediente de ontem, o contador instalado no blogue
registrou 299.255 visitas.
Desde o balanço anterior – Nove anos e nove meses no ar – foram
publicados aqui pela primeira vez textos dos seguintes autores: Anderson
Braga Horta, Claudio Willer, E. B. Ford, Eduardo Zeiger, Edward A. Adelberg, Eloisa
Mano, João Airas de Santiago, Lincoln Taiz, Maria Léa Salgado-Labouriau, Michael
Doudoroff, Peter Beech, Ricardo Bicca de Alencastro, Roger Y. Stanier e William
Morris. Além de alguns outros que já
haviam sido publicados em meses anteriores.Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes pintores: Carl Friedrich Lessing, Elisabeth Jerichau Baumann e Hans Gude.
11 agosto 2016
Fungos: hifas e micélio
Roger Y. Stanier, Michael Doudoroff & Edward A. Adelberg
Em sua maioria, os fungos
são organismos cenocíticos e possuem uma estrutura vegetativa conhecida como micélio [...]. O micélio consiste de uma
massa de citoplasma multinucleada incluída dentro de um sistema rígido, plurirramificado,
de tubos de diâmetro bastante uniforme. Esses tubos, compostos de um
polissacarídeo, quitina, representam uma estrutura protetora que é homóloga à
parede celular dos organismos unicelulares. Um micélio surge normalmente pela
germinação e proliferação de uma única célula reprodutiva, ou esporo.
Germinando, o esporo do fungo emite um longo fio, ou hifa, a qual se subdivide repetidamente à medida que se distende,
formando um sistema ramificado que constitui o micélio. O crescimento dos fungos
é confinado caracteristicamente às extremidades das hifas; à medida que se
estende o micélio, o conteúdo citoplasmático pode desaparecer das regiões
antigas, centrais. O tamanho de cada micélio não é fixo; enquanto houver
disponibilidade de nutrientes, o crescimento externo pode continuar por
extensão das hifas e, em alguns basidiomicetos, um único micélio pode ter até
15 metros de diâmetro.
09 agosto 2016
07 agosto 2016
Geometria orbital
Maria Léa Salgado-Labouriau
A Terra é o terceiro
planeta do Sistema Solar, contando do Sol para fora, e situa-se a uma distância
média de 149.600.000 km. O movimento de rotação da Terra sobre seu eixo é hoje
de ca. 24 horas (média de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos). Ela gira em volta
do Sol em cerca de 365 dias (média de 365 dias, 6 h, 9 min, 10 s). A Terra não
é uma esfera. Devido ao seu movimento de rotação, numa velocidade [de] 1.670
km/h, a zona equatorial tende a ficar mais saliente devido à força centrífuga.
A órbita de um planeta é
o caminho percorrido por ele em volta do Sol. As órbitas são elipses amis ou
menos alongadas, conforme o planeta. Para a órbita da Terra este alongamento
desvia menos de 2% do círculo, ao passo que para Plutão e Mercúrio, por
exemplo, o desvio é de mais de 20%. A órbita da Terra, portanto, é quase
circular e ligeiramente excêntrica em relação ao Sol.
[...]
05 agosto 2016
Em estilo amável
Eugénio de Andrade
Chega ao fim o verão,
resta-me agora
a poesia a caminho da
prosa.
Pelo lado matinal
um gato pé ante pé
aproxima-se
de um pardal saltitando
entre as folhas amarelas.
“É o meu coração,
a luz é o meu coração”,
diz ele, e salta,
voa na tarde. O mar
recua, uma criança, vem
vindo pelo molhe,
canta canta,
não sabe ainda que o pai
não voltará
a casa. Um velho traz o
céu
azul pela mão, olha de
soslaio
os rapazes ao passar, ri
da praga humana
empurrando
as suas bolas de esterco.
Deus deve ser assim: afável,
simples de espírito,
distraído –
sem esterco que empurrar,
de tão velho.
03 agosto 2016
Limbo
Anderson Braga Horta
O que digo no poema
sepulta no limbo
das coisas impossíveis
aquilo que não disse
– e poderia? –
e já não direi.
O que não digo
apenas frisa,
elíptico,
a superfície do dizer.
E no entanto
nesse franzido é que
palpita
– infinita –
a Vida!
01 agosto 2016
Of Heaven or Hell I have no power to sing
William Morris
Of
Heaven or Hell I have no power to sing,
I cannot ease the burden of your fears,
Or make quick-coming death a little thing,
Or bring again the pleasure of past years,
Nor for my words shall ye forget your tears,
Or hope again for aught that I can say,
The idle singer of an empty day.
But
rather, when aweary of your mirth
From full hearts still unsatisfied ye sigh,
And, feeling kindly unto all the earth,
Grudge every minute as it passes by,
Made the more mindful that the sweet days die –
– Remember me a little then I pray,
The idle singer of an empty day.
The
heavy trouble, the bewildering care
That weighs us down who live and earn our
bread,
These idle verses have no power to bear;
So let me sing of names remembered,
Because they, living not, can ne’er be dead,
Or long time take their memory quite away
From us poor singers of an empty day.
Dreamer
of dreams, born out of my due time,
Why should I strive to set the crooked
straight?
Let it suffice me that my murmuring rhyme
Beats with light wing against the ivory gate,
Telling a tale not too importunate
To those who in the sleepy region stay,
Lulled by the singer of an empty day.
Folk
say, a wizard to a northern king
At Christmas-tide such wondrous things did
show,
That through one window men beheld the spring,
And through another saw the summer glow,
And through a third the fruited vines a-row,
While still, unheard, but in its wonted way,
Piped the drear wind of that December day.
So
with this Earthly Paradise it is,
If ye will read aright, and pardon me,
Who strive to build a shadowy isle of bliss
Midmost the beating of the steely sea,
Where tossed about all hearts of men must be;
Whose ravening monsters mighty men shall slay,
Not the poor singer of an empty day.