O ar no interior das naves espaciais
Frances Ashcroft
A respiração aumenta a concentração de dióxido de carbono no ar, o que pode ocasionar dores de cabeça, sonolência e finalmente sufocação [...]. Ele deve portanto ser removido. Em naves espaciais, isso é realizado por meio de reação química com hidróxido de lítio (que é convertido em carbonato de lítio no processo). Os filtros de hidróxido de lítio e os perigos da acumulação de dióxido de carbono tornaram-se foco da atenção pública em abril de 1970, quando dois dias e meio após o inicio da missão Apollo 13, ocorreu um desastre. Um curto-circuito elétrico causou a explosão de uma das três células de combustível que energizavam o modulo de comando. Por sua vez, a força da explosão cortou o suprimento das duas outras células de combustível, privando a espaçonave de toda energia. A nave para o pouso lunar, Aquarius, tornou-se a tabua de salvação dos astronautas, fornecendo oxigênio, água e energia elétrica. Infelizmente, ela só estava equipada com filtros de hidróxido de lítio suficientes para dois homens durante dois dias, quando iriam ser necessários mais de três dias para retomar à Terra e a tripulação era de três homens. Rapidamente, noticiários pelo mundo todo puseram as pessoas a par dos perigos do dióxido de carbono excessivo. [...] Trabalhando contra o relógio, uma equipe de engenheiros na Terra concebeu uma maneira de se improvisar um purificador de ar provisório usando os filtros com a forma errada e uma mistura eclética de papelão, sacos de plástico, fita adesiva e meias velhas. [...] Felizmente funcionou.
A respiração gera também vapor d’água, como é evidente para quem quer que tenha se sentado num carro com as janelas fechadas num tempo frio; as janelas se embaçam pelo lado de dentro, em grande parte por causa da água expirada pelos nossos pulmões. A quantidade de vapor d’água no ar numa nave espacial deve ser cuidadosamente controlada, pois se for excessiva provoca condensação e se for deficiente causa o ressecamento dos olhos e das mucosas da garganta. Para se conseguir uma atmosfera satisfatória, o ar na nave espacial é constantemente reciclado, dióxido de carbono e partículas de poeira são eliminados por filtração, e umidade e oxigênio são ajustados segundo a necessidade.
Fonte: Ashcroft, F. 2001. A vida no limite. RJ, Jorge Zahar.