Pela fresta desta janela Oh! vem o vento E te rouba do meu leito Sem ao menos me dizer Para onde vai te levar
Quem se apossa assim tão fácil É, não vai muito além Pois na força da manhã Posso ser muito valente Pra vencer o espaço e te achar
Adormece o tempo Que a fada te jurou Fere o dedo no teu sonho Se assusta com o meu beijo E acorda a tempo De saber que ainda eu sou teu rei Vale mais a força do pensamento Fonte: álbum Nuvem cigana (1982), de Lô Borges.
A extensão daquilo que um organismo pode fazer é determinada pela sua organização e sua estrutura, e tudo o que um organismo pode fazer constitui seu domínio cognitivo. A maneira pela qual, nós, seres humanos, definimos conhecimento indica, implícita ou explicitamente, que aceitamos fazer uma pergunta em um dado domínio e, como uma resposta, esperamos uma ação, ou a descrição de uma ação, no mesmo domínio. O fato de geralmente exigirmos que os seres humanos se deem conta de seus conhecimentos – isto é, que eles sejam observadores – não muda o problema. Nosso domínio cognitivo é limitado e ilimitado da mesma maneira que nosso domínio da realidade é limitado e ilimitado. O conhecimento implica interações, e nós não podemos sair de [nosso domínio] de interações, que é fechado. Vivemos, portanto, em um domínio de conhecimento que é sujeito-dependente e uma realidade que é sujeito-dependente. Isso significa que se as perguntas ‘O que é o objeto do conhecimento?’ ou ‘O que é a realidade objetiva do objeto?’ devem ser respondidas por um observador absoluto, então elas são perguntas sem sentido, porque esse observador absoluto é intrinsicamente impossível em nosso domínio cognitivo. De fato, qualquer conhecimento de uma realidade transcendente absoluta é intrinsicamente impossível; se uma suposta realidade transcendente se tornasse acessível à descrição, então ela não seria transcendente, porque uma descrição sempre implica em interações e, portanto, revela apenas uma realidade sujeito-dependente. O máximo que nós podemos dizer, portanto, é que o observador gera uma descrição do domínio de realidade através de suas interações (incluindo interações com instrumentos e através de instrumentos), e que o observador pode descrever um sistema de sistemas (um sistema de consenso) que leva à emergência de sistemas que podem descrever: os observadores. Como uma consequência disso, uma vez que o domínio de descrições é fechado, o observador pode fazer a seguinte afirmação ontológica: a lógica de descrição é isomórfica à lógica da operação do sistema que descreve.
Aparentemente tudo o que permanece é o observador. Contudo o observador não existe sozinho, porque sua existência necessariamente implica no mínimo um outro ser como condição necessário para o estabelecimento do domínio consensual no qual ele existe como observador. Entretanto, o que é único para cada observador e que faz com que cada observador mantenha-se único é, por um lado, sua experiência, que permanece necessariamente isolada em seu fechamento operacional, e, por outro lado, a habilidade do observador de operar, através da consensualidade de segunda ordem, como se estivesse fora da situação na qual ele está, e, portanto, ser observador de sua circunstância como um observador. Fonte: Maturana, H. 1997. A ontologia da realidade. BH, Editora UFMG.
O verdadeiro rei do Brasil é preto. Mas nunca driblou nem chutou a gol, ainda que eu admire o Dirceu Lopes – o baixinho de Pedro Leopoldo, o maior dos que eu ouvi jogar e com quem ainda sonho trocar uns passes.
Estou a falar do Bituca – o de Três Pontas, onde minha mãe, anos antes, tanto correu e brincou, enquanto o meu avô telegrafista ia aos Correios –, o maior dos que eu vi cantar e com quem ainda sonho trocar solfejos.
O maior presidente do Brasil não é preto, tampouco é branco – é uma mistura, como areia de barranco. Nasceu perto de Garanhuns – ali onde eu depois fiz o Jardim da Infância – e com quem ainda quero trocar nove dedos de prosa.
O meu vizinho é carpinteiro, Algibebe de Dona Morte: Ponteia e cose, o dia inteiro, Fatos de pau de toda a sorte: Mognos, debruados de veludo Flandres gentil, pinho do Norte... Ora eu que trago um sobretudo Que já me vai a aborrecer, Fui-me lá, ontem: (era Entrudo, Havia imenso que fazer!...) – Olá, bom homem! quero um fato, Tem que me sirva? – Vamos ver... Olhou, mexeu na casa toda... – Eis aqui um e bem barato. – Está na moda? – Está na moda. (Gostei e nem quis apreçá-lo: Muito justinho, pouca roda...) – Quando posso mandar buscá-lo? – Ao pôr-do-sol. Vou dá-lo a ferro: (Pôs-se o bom homem a aplainá-lo...)
Ó meus amigos! salvo-erro, Juro-o pela alma, pelo céu! Nenhum de vós, ao meu enterro, Irá mais dândi, olhai! do que eu! Fonte (dois últimos versos): Cunha, C. 1976. Gramática do português contemporâneo, 6ª ed. BH, Editora Bernardo Álvares. Publicado m livro em 1892.
Sabe, eu não faço fé nessa minha loucura e digo eu não gosto de quem me arruína em pedaços e Deus é quem sabe de ti e eu não mereço um beijo partido hoje não passa de um dia perdido no tempo e fico longe de tudo que sei não se fala mais nisso, eu sei eu serei pra você o que não me importa saber hoje não passa de um vaso quebrado no peito e grito.
Olha o beijo partido onde estará a rainha que a lucidez escondeu escondeu. Fonte: encarte que acompanha o LP do álbum Milton (1975), de Milton Nascimento.
1. O triolé, Napoleão o faz com leveza e graça, rico de forma e emoção. O triolé, Napoleão o esculpe com perfeição como um diamante sem jaça. O triolé, Napoleão o faz com leveza e graça.
2. Eis em resumo o que pinta no triolé de Napoleão: linha firme e boa tinta, eis em resumo o que pinta. Nada encontro que o desminta: lirismo, ritmo, emoção, eis em resumo o que pinta no triolé de Napoleão. Fonte: Horta, A. B. 2016. Do que é feito o poeta. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 2010.
Nesta terça-feira, 12/4, o Poesia Contra a Guerra completa 15 anos e seis meses no ar.
Desde o balanço anterior – ‘185 meses no ar’ – foram publicados aqui pela primeira vez textos dos seguintes autores: G. F. Gause, Hans Blumenfeld, Luciana Zaterka, Luiz Carlos de Lima Silveira, Paul Virilio, Robert Lowell, Wanderbilt Duarte de Barros e William J. Long. Além de outros nomes que já haviam sido publicados antes.
Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes pintores: Joseph-Marie Vien e Louis-François Cassas.
Passei horas em diversos covis e pude constatar o que me pareceu uma excelente disciplina. Mas nunca ouvi uma raposa fêmea emitir rosnados ou gritos de alerta de qualquer espécie. Por horas a fio os filhotes brincam animadamente ao sol da tarde, alguns perseguindo ratos ou gafanhotos imaginários, outros desafiando os companheiros a lutas ou caçadas simuladas. E o traço mais curioso do exercício, depois que nos habituamos a essas fascinantes criaturinhas, é que a velha fêmea, postada num sítio de onde pode supervisionar as brincadeiras e as vizinhanças, parecer ter sempre a família sob controle, embora som algum seja emitido. Vez por outra, quando um filhote se afasta demais do covil, a fêmea ergue a cabeça e olha-o fixamente; esse olhar, de alguma forma, tem o mesmo efeito que o chamado silencioso da loba: paralisa o filhote como se lhe enviasse um grito ou um mensageiro. Se isso acontecesse apenas uma vez, diríamos que se trata de mera coincidência; mas acontece repetidamente e do mesmo modo intrigante. O filhote estaca de súbito, volta-se como se tivesse recebido uma ordem, repara no olhar da fêmea e retorna como um cão treinado ao escutar o assobio. Fonte: Sheldrake, R. 1999. Sete experimentos que podem mudar o mundo. SP, Cultrix.
Darkness has called to darkness, and disgrace Elbows about our windows in this planned Babel of Boston where our money talks And multiplies the darkness of a land Of preparation where the Virgin walks And roses spiral her enamelled face Or fall to splinters on unwatered streets. Our Lady of Babylon, go by, go by, I was once the apple of your eye; Flies, flies are on the plane tree, on the streets.
The flies, the flies, the flies of Babylon Buzz in my ear-drums while the devil’s long Dirge of the people detonates the hour For floating cities where his golden tongue Enchants the masons of the Babel Tower To raise tomorrow’s city to the sun That never sets upon these hell-fire streets Of Boston, where the sunlight is a sword Striking at the withholder of the Lord: Flies, flies are on the plane tree, on the streets.
Flies strike the miraculous waters of the iced Atlantic and the eyes of Bernadette Who saw Our Lady standing in the cave At Massabielle, saw her so squarely that Her vision put out reason’s eyes. The grave Is open-mouthed and swallowed up in Christ. O walls of Jericho! And all the streets To our Atlantic wall are singing: “Sing, Sing for the resurrection of the King.” Flies, flies are on the plane tree, on the streets. Fonte (v. 11): Carpeaux, O. M. 2011. História da literatura ocidental, vol. 4. Brasília, Senado Federal. Poema publicado em livro em 1946.
Já passaram por nós as frias aves, aprendemos a música da morte. Ao princípio escurece, um arrepio vem toldar a memória sobre a pele e a sombra que deixamos faz-se leve diferença como eco ou na paisagem turvo matiz que inquieta de repente: tudo o que irá esquecer nossa passagem nos vem olhar agora frente a frente. Da morte aqui passaram frias aves, como nuvens sem ar ou mar sem naves. Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1998.
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). Em escala mundial, já são 491 milhões de casos e 6,15 milhões de mortes. No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento publicadas no mesmo artigo da semana passada. Entre 28/3 e 3/4, os valores ficaram em 0,0750% (casos) e 0,0275% (mortes). As taxas seguem em trajetória declinante. No ritmo atual, o país irá contabilizar um total de 30.475.468 casos e 663.966 mortes até 24/4. São números inferiores ao que foram previstos em artigo anterior (30.705.422 e 665.618, respectivamente).
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1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.
Levando em conta as estatísticas obtidas na madrugada de ontem para hoje (3-4/4) [1], eis um balanço da situação mundial.
(A) Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados estão a concentrar 73% dos casos (de um total de 491.437.969) e 71% das mortes (de um total de 6.152.837) [3].
(B) Entre esses 20 países, a taxa de letalidade está em 1,2%. A taxa brasileira está em 2,2%. (Dois países vizinhos que também estão no topo da lista mostram os seguintes valores: Argentina, 1,4%; e Colômbia, 2,3%.)
(C) Nesses 20 países, receberam alta 304 milhões de indivíduos, o que corresponde a 84% dos casos. Em escala global, 427 milhões de indivíduos já receberam alta [4].
2. O RITMO DA PANDEMIA NO PAÍS.
Ontem (3/4), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registrados em todo o país mais 7.210 casos e 39 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 29.999.437 casos e 660.147 mortes.
Na semana encerrada ontem (28/3-3/4), foram registrados 157.019 novos casos – uma queda de 26% em relação à semana anterior (21-27/3: 211.934).
Entre 28/3 e 3/4, infelizmente, foram registradas 1.268 mortes – uma queda de 24% em relação ao que foi anotado na semana anterior (21-27/3: 1.674).
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes. Ambas tornaram a cair (ver a figura que acompanha este artigo).
Vejamos os resultados mais recentes.
A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,1019% (21-27/3) para 0,0750% (28/3-3/4) – é a terceira queda consecutiva [6, 7].
A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, caiu de 0,0363% (21-27/3) para 0,0275% (28/3-3/4) – é a sétima queda consecutiva.
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FIGURA. O comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 12/9/2021 e 3/4/2022. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso.
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4. CODA.
As médias semanais das taxas de crescimento (casos e mortes) tornaram a cair (ver a figura que acompanha este artigo).
É uma boa notícia, sem dúvida [8].
No ritmo atual, o país irá contabilizar um total de 30.475.468 casos e 663.966 mortes até o último domingo de abril (24/4). São números inferiores aos que foram previstos em artigo anterior (30.705.422 e 665.618, respectivamente).
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NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em 11 grupos: (a) Entre 80 e 85 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 40 e 45 milhões – Índia; (c) Entre 30 e 35 milhões – Brasil; (d) Entre 25 e 30 milhões – França; (e) Entre 20 e 25 milhões – Alemanha e Reino Unido; (f) Entre 15 e 20 milhões – Rússia; (g) Entre 12 e 15 milhões – Turquia, Itália e Coreia do Sul; (h) Entre 10 e 12 milhões – Espanha; (i) Entre 8 e 10 milhões – Vietnã, Argentina e Países Baixos; (j) 6 e 8 milhões – Irã, Japão, Colômbia e Indonésia; e (k) Entre 5,6 e 6 milhões – Polônia e México.
Olhando apenas para as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis um breve resumo da situação atual: (i) em números absolutos, a lista está a ser encabeçada pela Coreia do Sul, com 9,42 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Alemanha (5,76 milhões), Vietnã (5,48 milhões), França (2,89) e Reino Unido (2,12). O Brasil (955 mil) está na 12ª posição; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (23,2 mil); em seguida aparecem Chile (13,7 mil), Rússia (13,5), Coreia do Sul (8,28) e Brasil (8,16).
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.
[5] Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea mencionada na nota 3.
[6] Entre 27/12/2021 e 27/3/2022 (para as semanas anteriores, ver aqui), as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,0345% (27/12-2/1), 0,1472% (3-9/1), 0,2997% (10-16/1), 0,6359% (17-23/1), 0,7576% (24-30/1), 0,6544% (31/1-6/2), 0,5022% (7-13/2), 0,3744% (14-20/2), 0,2812% (21-27/2), 0,1389% (28/2-6/3), 0,1565% (7-13/3), 0,1268% (14-20/3), 0,1019% (21-27/3) e 0,0750% (28/3-3/4); e (2) mortes: 0,0151% (27/12-2/1), 0,0196% (3-9/1), 0,0245% (10-16/1), 0,0471% (17-23/1), 0,0859% (24-30/1), 0,1212% (31/1-6/2), 0,1388% (7-13/2), 0,1320% (14-20/2), 0,1071% (21-27/2), 0,0661% (28/2-6/3), 0,0642% (7-13/3), 0,0463% (14-20/3), 0,0363% (21-27/3) e 0,0275% (28/3-3/4).
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referências citadas na nota 3.
[8] Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.
Cabe ressaltar que o ritmo da vacinação oscilou muito ao longo da campanha. Levamos 34 dias (24/8-27/9), por exemplo, para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (Hoje, 4/4, este percentual ainda está em 84,74%.) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).
O homem possui cinco sentidos especiais – visão, olfação, gustação, audição e equilíbrio –, além de um sentido geral, a somestesia. Esta última apresenta duas facetas muito distintas. Uma delas está voltada para o meio ambiente e o controle da postura e dos movimentos. Outra, homeostática, é voltada para a representação da noção subjetiva do próprio eu e do seu estado fisiológico, assim como do controle das funções orgânicas. A Neurociência avança para a compreensão de como os sistemas sensoriais alimentam de informação a percepção humana do meio ambiente e de si próprio. Em outra frente, testes altamente sensíveis e específicos, desenvolvidos inicialmente para o estudo da fisiologia e da psicofísica dos sistemas sensoriais, estão sendo entregues aos profissionais de muitas áreas, incluindo a Medicina, a Psicologia e a Engenharia de novas tecnologias. Fonte: Silveira, L. C. L. 2008. In: Lent, R., org. Neurociência da mente e do comportamento. RJ, Guanabara Koogan.