Etnologia
Egon Schaden
No Brasil, como em outros países, muitos autores designam com o termo Etnologia a ciência que tem por objeto a investigação das culturas nativas de tipo tribal. É com este sentido que será aqui empregado. [...]
Para uma síntese histórica dos conhecimentos e das pesquisas sobre o índio brasileiro basta uma divisão sumária em três períodos. [...]
No primeiro período, que abrange mais ou menos a época do domínio português, se registraram muitos informes sobre grupos índios, mormente os da costa, com raras tentativas de ordenar o material. Foi um período pré-científico, marcado, portanto, pelo conhecimento empírico.
No segundo, o dos ‘naturalistas viajantes’, que se inicia no tempo de D. João VI e se prolonga pelo século XX adentro, a busca de conhecimentos relativos ao índio adquire foros de ciência. Numa primeira fase, que vai até a penúltima década do século passado, os estudiosos eram de fato quase todos naturalistas. A seguir, porém, se organizam numerosas expedições com o fim primordial ou exclusivo de fazer pesquisas etnológicas e reunir coleções de artefatos para os museus.
O terceiro período, por fim, se abre após o término da Primeira Guerra Mundial ou, mais exatamente, na década dos trinta. Ao contrário do que se dera no anterior, os estudos são feitos, cada vez mais, por etnólogos brasileiros de boa formaçãoe, quanto aos estrangeiros, a maioria já não se constitui de europeus, como dantes, mas de norte-americanos familizarizados com modernas teorias. Diversificaram-se também, no meio século desde então decorrido, os centros de interesse e os métodos de investigação.
Schaden, E. 1978. A Etnologia no Brasil. In: Ferri, MG & Motoyama, S. História das ciências no Brasil, vol. 2. SP, Edusp, EPU & CNPq.