Aco Šopov
Só, permaneço, escravo do cercado verde do jardim.
Não vem ninguém: nem amigo, nem desconhecido, nem parente.
Tudo está calmo. Só o silêncio, vela, apanha e petrifica.
O ruído agitado das folhas.
A noite se abre amistosamente, como a flor ao dia.
Surge, na roseira vermelha, um broto invisível,
Desdobram-se as folhas, aparece o incêndio.
O broto cresce, estende-se, e todo o jardim está em chamas.
Mas, no momento seguinte, a roseira vermelha desaparece
E o incêndio se apaga.
Enquanto a chama vermelha procura o abrigo no meu coração
E uma árvore enorme, chamejante, aí se forma.
Só, permaneço, escravo do cercado verde do jardim.
Não vem ninguém: nem amigo, nem desconhecido, nem parente.
Só, permaneço, com minha chama no coração.
Ela me aquece mais do que as palavras dos poetas,
Perdidos no universo e no azul do céu
Procurando o mundo da beleza desconhecida e jamais superada.
A roseira vermelha, como sangue, se estende, escoando-se,
Mas esta chama no meu coração aqui permanece para sempre.